por Luana Martins
Eterno debate: qual a diferença de idade ideal entre irmãos?
A decisão de ter um segundo filho enche a casa de alegria. Os pais vivenciam o amor incondicional a um novo ser. O irmão ganha um companheirinho de aventuras, alguém para compartilhar as conquistas e dividir os tropeços ao longo da vida. Porém escolher o momento certo para encomendar à cegonha pode não ser tarefa tão fácil. Será que existe um intervalo de idade ideal entre irmãos?
"A chegada do segundo filho traz benefícios para os pais e para os irmãos. Enquanto os primeiros aprendem a lidar com os imprevistos da personalidade de cada filho e se tornam mais dinâmicos até na vida profissional, a criança aprende a dividir o espaço e a atenção dos pais, compreende que não pode ganhar sempre e experimenta uma espécie de competição saudável, lidando melhor com os conflitos que encontrará no futuro", explica a psicóloga e escritora Kátia Ricardi de Abreu.
Ao optar por apenas um filho, os pais precisam de cuidados redobrados. "Nesses casos, é preciso cuidar para que ele não se torne egoísta e mimado. Os pais precisam se esforçar para mantê-lo sempre em contato com outras crianças, exercitando o relacionamento com irmãos 'substitutos': amiguinhos, primos, vizinhos", alerta a psicóloga.
Irmãos (bem) mais velhos
Para Sílvia Alves Ramos Ferreira, de 44 anos, a gravidez de sua segunda filha chegou tardia e de surpresa. Mãe de Evelyn, de seis anos e de Hellen Caroline, de 18, Sílvia garante que uma das grandes vantagens de ter filhos com idades espaçadas é poder acompanhar com mais atenção o crescimento de cada um. "Posso curtir diferentes fases das duas. A diferença de idade faz com que elas sejam praticamente duas filhas únicas", afirma.
E mais: a tarefa de mãe pode se tornar mais simples e prazerosa já que os pais sabem como é ter filhos e educam as crianças com mais equilíbrio e segurança. "Eles já vivenciaram todo o crescimento do primeiro filho e isso acaba servindo como um laboratório para o segundo", enumera a psiquiatra e sexóloga do espaço Pink Chic, Rita Jardim. Algo que Sílvia concorda: "Tudo aquilo que acho ter errado na criação de minha filha mais velha tenho agora a chance de não repetir na criação da mais nova".
A ajuda dos irmãos mais velhos na hora de cuidar do pequeno pode ser um alívio para a sobrecarga que é cuidar de um bebê. "Apesar de ter mais tempo para me dedicar ao meu filho, a mais velha sempre me ajudou. E o melhor é que percebo que sempre que solicito ajuda a resposta é positiva e acompanhada de um sorriso de satisfação", confessa Nelise Espósito, mãe de Maria Fernanda, de 18 anos, e Estevam, de quatro.
E a história de Nelise se repete no lar da Cristiane Costa Sena, de 39 anos, mãe de três filhas, de 19, 17 e 15 anos , e Caleb, de apenas dois anos. "Para minhas filhas, a vinda do Caleb tem sido uma escola da vida. Ao cuidar do bebê, elas aprendem e se tornam mais pacientes para quando tiverem seus próprios filhos", conta. Os especialistas atestam que esse comportamento dos irmãos mais velhos é muito comum. "Costumo dizer que eles brincam de boneca viva, com o bebê, exercitando mais o instinto maternal/paternal do que o papel de irmão", comenta Kátia.
Mas nem tudo são flores. Preocupações com o futuro acabam tomando conta dos pensamentos de muitas mães. "A diferença de idade de minhas filhas com meu caçula dificulta o entrosamento entre eles. É difícil conciliar as atividades conforme a faixa etária de cada um. Além disso, me preocupa o fato de saber que daqui a pouco ele será criado como filho único, já que as meninas estão indo para a faculdade e ficam a maior parte do dia fora de casa", confessa Cristiane. Apesar de Cristiane ter planejado a chegada do bebê, ela confessa que "difícil mesmo é ter que começar tudo de novo", com as fraldas e os choros de madrugada.Quando a diferença é grande mas não supera os oito anos é preciso tomar algumas precauções, segundo especialistas. "Muitos pais acabam exigindo do primeiro filho um crescimento psicológico acelerado, para não se sobrecarregarem no cuidado com o bebê", diz a psicóloga Kátia Ricardi. É preciso lembrar que cada criança possui necessidades que devem ser percebidas e atendidas pelos pais. Por outro lado, quando essa diferença de idade é muito grande, os pais podem acabar impedindo a maturidade psicológica do caçula. "Com medo de se sentirem sem a função de pais, eles acabam impedindo a independência do pequeno", esclarece Kátia.
Produção em série
Há quem prefira enfrentar o desafio de se tornar mãe logo de uma vez. É o caso de Karen Kupper, de 33 anos, mãe de Ana Júlia, de seis anos, e Luís Felipe, de cinco. Apesar do trabalho dobrado, ela não se arrepende. "Acredito que ter dois filhos de idades próximas traz a vantagem de eles crescerem e aprenderem um com o outro. Como as experiências são meio parecidas, a troca entre eles é muito grande. Vivem juntos, têm os mesmos amiguinhos, mesmos interesses e desenhos preferidos", enumera.
Além disso, especialistas acreditam que as mães saem ganhando com a escolha. "Os benefícios de ter dois filhos pequenos é que a mulher consegue mais tempo para ela. Caso essa diferença seja maior, você acaba tendo uma renúncia repetitiva e o desgaste físico se torna mais intenso", diz Rita.
“Tudo é dobrado: gastos, trabalho, manhas. Em compensação, o amor é dobrado também. E com tempo a gente ganha prática”Como o descanso demora um pouco a chegar, as exigências dobradas sobre a mãe podem ser bem cansativas. "Com duas crianças pequenas, as chances de estresse da mulher aumentam e ela não consegue se dedicar tanto às necessidades de cada um dos seus filhos", explica Kátia. Disso Karen entende bem: "No começo foi muito difícil. Eram dois bebês em casa - quase como ter gêmeos -, porém mais complicado pois as necessidades de cada um eram diferentes. Os dois usavam fraldas, mamavam, queriam colo ao mesmo tempo".
Karen desabafa: "Tudo é dobrado: gastos, trabalho, manhas. Em compensação, o amor é dobrado também. E com tempo a gente ganha prática. Na hora de dormir, por exemplo, é sempre uma gostosa confusão, deito na cama de um depois um pouquinho na cama do outro e assim a gente vai se ajeitando!", brinca.
Os pais são unânimes: o maior obstáculo quando o assunto são filhos de idades próximas é o ciúme entre irmãos. "Eles querem as mesmas coisas e na mesma hora. Sempre acham que um está em desvantagem com relação ao outro", conta Karen. Quando a diferença entre as crianças é pequena elas tendem a ter mais ciúmes umas das outras. Mas Kátia garante que tudo depende da forma como os pais encaram a situação. "Quando eles se voltam para o filho caçula de forma exagerada, tornam-se insensíveis às necessidades do primogênito, exigindo dele uma compreensão absurdamente adulta da situação. Colocam inconscientemente um único espaço, numa situação onde o espaço é de duas pessoas.
Para o filho fica assim: ou eu ou ele", explica a psicóloga."O ciúme entre crianças pequenas é natural e saudável. Só quando isso acontece em idades muito diferentes os pais devem ficar atentos porque pode ser sintoma de algum problema que precise de um apoio psicológico", esclarece Rita Jardim.
Para evitar os ciúmes exagerados, a chegada do irmão precisa ser bem trabalhada na cabeça da criança. "A partir do momento em que os pais começam a planejar um bebê, eles devem conversar com seu filho sobre as vantagens da chegada do irmão. Convidar a criança a participar dos preparativos, pedir sua opinião, envolvendo-a nas decisões sobre o nome do irmãozinho(a), organização do espaço físico, preparação do enxoval", ensina Kátia. Ela revela que é importante que as visitas sempre dêem atenção ao primogênito primeiro e depois ao bebê. "Pedir para a criança mostrar o irmão, apresentá-lo aos visitantes é uma boa dica para promover a integração entre eles sem que haja ciúmes", completa.
“Os pais devem saber se terão disponibilidade de tempo para a criança. Se não há tempo para cuidar do primeiro filho, nem vale a pena ter o segundo. A questão financeira também deve ser levada em consideração”Os especialistas acreditam que os ciúmes são mais comuns em irmãos com pouca diferença de idade. Por isso, eles apontam que o melhor espaçamento entre as idades do primeiro e segundo filho é de sete anos. "Por volta dos sete, oito anos de idade, a criança está começando a adquirir independência e não se importa tanto com a chegada de um irmão. Ela consegue perder o colo da mãe sem se sentir rejeitada e ameaçada", explica Kátia.
Isso não significa que filhos com uma diferença menor de sete anos estejam destinados a competirem entre si. Tudo depende de como os pais encaram a situação e expõem o nascimento do bebê ao irmão. "Se a criança é bem trabalhada, se os pais estabelecem um diálogo franco, ela vai saber receber bem um irmão em qualquer momento", argumenta Rita. Se mesmo depois de preparar a criança para a chegada do irmão ela ainda se sentir insegura em relação ao amor dos pais, "eles precisam deixar claro, através de atos e palavras que cada filho tem suas qualidades e são amados do jeito que são", sugere Kátia.
A escolha do casal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se espere no mínimo dois anos entre uma gravidez e outra para que o corpo da mulher se recupere totalmente. Segundo um estudo realizado na Universidade de Washington, um intervalo de menos de seis meses entre o nascimento do bebê e a nova gravidez aumenta em 41% as chances de parto prematuro. Quando esse intervalo é maior de 12 meses, o risco diminui consideravelmente.
No entanto, os especialistas garantem que não existe uma fórmula ideal sobre a chegada do segundo filho. "A escolha do melhor momento depende da decisão dos pais. O importante é que a criança seja desejada mesmo que não tenha sido planejada", afirma Rita. E antes de decidir pela nova gravidez, é preciso balancear alguns fatores. "Os pais devem saber se terão disponibilidade de tempo para a criança. Se não há tempo para cuidar do primeiro filho, nem vale a pena ter o segundo. A questão financeira também deve ser levada em consideração", aconselha a psiquiatra.
Estrutura emocional é outro pré-requisito. "Os pais devem estar preparados para muita tolerância e renúncia pessoal já que com dois filhos, eles administram, além das crianças, um terceiro componente: o relacionamento entre os dois", finaliza Kátia.
gostei muito do site estou com meu bebe de 3 anos em agosto faz 04 e estou louca pra ter outro, porem não posso ainda pq estou trabalhando e não tenho minha casa propria moro de aluguel então nao posso ter outro agora mais estou feliz quero construir minha casa o mais rapido possivel
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