Bebê tomando remédio (Foto: Thinkstock) |
O artigo começa dizendo que a AAP “quer que os pais guardem as colheres para os cereais – não para os remédios das crianças”. Isso porque um dos enganos mais frequentes é que o cuidador confunda a dosagem, dando à criança em colheres o que foi prescrito em mL e vice-versa. Além disso, existe também o problema da falta de padrão no tamanho dos acessórios (as colheres de faqueiros antigos, por exemplo, gerlalmente são maiores) e da confusão entre os vários tipos (não é todo mundo que sabe qual é a colher de café, a de sopa ou a de sobremesa). “Uma colher de sopa normalmente equivale a três colheres de chá. Se um pai usa uma colher de tamanho errado, muitas vezes, isso pode levar a uma dosagem tóxica”, declarou o pediatra Ian Paul, autor principal do artigo.
No Brasil, não há dados sobre a quantidade de crianças intoxicadas por medicamentos, mas temos o mesmo problema nas doses prescritas em colheres. "Muitas bulas ainda trazem a dosagem em mililitros com a medida correspondente em colheradas. Para o leigo, isso segmenta essa cultura de utilizar a colher", completa a pediatra Márcia Sanae Kodaira de Almeida, do Hospital Santa Catarina (SP).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não estipulou como cumpulsória a utilização de dosadores, nem a padronização da dosagem em mililitros. Normalmente, antibióticos e outros medicamentos com alto risco de intoxicação, como descongestionantes, já vêm com uma seringa ou com um copinho, mas isso ainda não é regra. "É preciso criar barreiras para que os erros de medicação tenham menos chance de acontecer. Isso começa pelos órgãos reguladores e pelas indústrias farmacêuticas até chegar aos pais", reforça Márcia.
Veja quais são as novas recomendações da AAP:
- Deve ser adotada uma linguagem padrão adotando mL como a única abreviatura apropriada para mililitro. Medicamentos líquidos devem ser dosados com quantidades arredondadas, como 0,1 , 0,5 , ou 1 mL;
- No rótulo deve ser claramente indicada a periodicidade das doses. Expressões em linguagem comum como "uso diário" devem ser usadas no lugar de abreviaturas médicas como "qd" (do latim, quaque die, uma vez por dia) - o que poderia ser interpretado como "qid" (no passado, esta era uma forma comum adotada pelos médicos para descrever dosagem quatro vezes ao dia);
- O pediatra deve revisar as doses, em mL, com as famílias, no momento em que são prescritas;
- Dispositivos de dosagem não devem ter marcações extras, que podem ser confusas; eles também não devem ser significativamente maiores do que a quantidade recomendada no rótulo, para evitar erros;
- Os fabricantes devem eliminar rótulos, instruções de dosagem e dispositivos que contenham unidades fora do sistema métrico.
Por aqui, enquanto não há uma regra clara, vale sempre perguntar ao médico qual é a dose em mililitros, caso ele prescreva em colher. Também é importante tomar cuidado redobrado com os remédios em suspensão, aqueles que precisam ser diluídos. "A água deve ser adicionada na medida certa. Se você dilui de maneira errada, a dose também ficará errada. É dever do pediatra explicar e tirar todas as suas dúvidas", completa Márcia.
Fonte: revista Crescer
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