O fotógrafo André François viajou pelo país e retratou o trabalho de médicos voluntários
Com o objetivo de mostrar os momentos reais da medicina humanizada em áreas precárias do país, em 2006, o fotógrafo brasileiro André François lançou o livro Cuidar (ImageMagica), depois de se deslocar por diversos locais do Brasil observando o trabalho de voluntários.
Dando continuidade a esse trabalho, André lançou recentemente Expedicionários da Saúde (ImageMagica), ainda em fase de divulgação, em que acompanhou por 5 anos o grupo que leva o mesmo nome de seu livro. Formado por médicos, enfermeiros, voluntários e agentes logísticos, os Expedicionários da Saúde viajam o Brasil para ajudar índios e suas famílias a ter cuidados médicos.
Na obra, André explora a diferença que um tratamento médico de qualidade pode fazer na vida de pessoas que não têm condições de chegar a um posto de saúde. “Achei o trabalho dos Expedicionários inovador e diferente, senti que merecia ser contado. Eles têm uma maneira de trabalhar muito diferenciada que vale a pena divulgar”, explica.
Uma característica do trabalho do fotógrafo são os registros em preto e branco: “Eu me sinto mais confortável trabalhando com o preto e branco, ele ajuda você a dirigir o foco da foto. A cor, se não for bem empregada, pode distrair. Eu gosto de dizer que o preto e branco é o menos que é mais”, conta . As crianças também estão sempre presentes em seu trabalho. “Elas, muitas vezes, enfrentam doenças que adultos não resistiriam, mas é como uma característica das crianças: a capacidade da recuperação rápida”, relembra ele a partir da sua experiência visual.
Silas, quando ainda não tinha a perna mecânica |
Uma história que marcou André em seu último trabalho foi a do menino Silas, que perdeu sua perna ainda cedo com uma picada de cobra. Com apenas 12 anos, o garoto dizia que teria que tirar a própria vida já que não serviria para trazer alimento à sua família. Silas ganhou uma perna mecânica dos Expedicionários da Saúde, e hoje ganha na corrida contra qualquer um.
Nas tribos indígenas com os Expedicionários, o que marcou André foi o misto de tristeza, amor e superação - que mesmo com sua experiência anterior não é algo simples de registrar. “Sempre é difícil presenciar esse tipo de situação. Ou você esfria o seu coração e faz seu trabalho ou você esquenta ele e sofre todas as vezes”, conclui.
Fonte: revista Crescer
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