segunda-feira

O fenômeno das mompreneurs

Para conciliar a carreira, o tempo com os filhos, a família e para si mesma, muitas mulheres estão optando por ter seu próprio negócio

Daniela Buono, Kátia Raele e Roberta Marcinkowski


Depois de garantir uma nova posição na sociedade e no mercado de trabalho, as mulheres urbanas do século 21 desejam outros padrões de qualidade de vida. Elas querem estar mais próximas dos filhos, ter mais tempo para os amigos e familiares, resgatar antigos rituais de cultura e trabalhar com horários mais flexíveis.

Nós mães, em especial, estamos perseguindo esse objetivo com mais empenho e por isso, cada vez mais, optando por trabalhar em casa para conseguir cumprir as demandas profissionais e cuidar, nós mesmas, dos nossos filhos.

Há cerca de uma década, nos EUA, Canadá, Reino Unido e outros países da Europa e da Ásia, a opção das mulheres por trabalhar em casa após a maternidade virou tendência e as ‘work-at-home-moms’ viraram uma categoria social, com direito a inúmeras comunidades, sites de informação e serviços exclusivos na internet.

Só que como o home-office não é uma prática corporativa muito comum, a maioria das mães que opta por ficar em casa acaba empreendendo seu próprio negócio e, por isso, o movimento das ‘wahms’ ficou conhecido como o ‘fenômeno das mompreneurs’ (mom = mãe + entrepreneurs = empreendedoras).

Ganhando peso

Houve um tempo em que ser uma ‘work-at-home-mom’ era sinônimo de ser vendedora de Tuppeware ou Avon, mas hoje as ‘wahms’ ou ‘mompreneurs’ são bem mais descoladas. Aparecem no mercado como escritoras, blogueiras, estilistas, crafters, fotógrafas, webdesigners, consultoras, stylists, assistentes virtuais, planners de eventos. Enfim, elas trabalham com o que gostam, criam os filhos mais de perto, lançam moda, produzem riqueza e começam a ser reconhecidas pelo mercado.

Ainda que ninguém tenha números concretos sobre o crescimento das ‘mompreneurs’ no mundo, elas estão aparecendo em renomadas publicações internacionais, como a Forbes, a Times Online e a Business Week, como a grande tendência do empreendedorismo feminino deste século – que vem crescendo bastante, inclusive.

De acordo com um estudo realizado pela ONG Center for Women's Business Research, as mulheres americanas estão empreendendo duas vezes mais que os homens. Outra ONG americana, a National Association For Moms In Busines, afirma que existem 15,6 milhões de mulheres empresárias nos EUA e que 44% delas têm filhos de até 18 anos. Portanto, estamos falando de cerca 7 milhões de mães empreendedoras só nos EUA, o equivalente a quase 10% do total de mães americanas (que são 80 milhões, segundo a Moms In Business).

No Brasil as mulheres também estão empreendendo mais do que os homens. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, divulgada em 2010 pelo SEBRAE, dentre os 18,8 milhões de empreendedores brasileiros, 53% são mulheres e 47%, homens, o que significa que o país tem cerca de 10 milhões de empreendedoras. E quantas seriam mães?

Fazendo uma conta aproximada, se o Brasil tem 10 milhões de mulheres empreendedoras e mais da metade das mulheres brasileiras são mães, então somos um time de pelo menos 5 milhões de mães empreendedoras no país.

O berço do empreendedorismo

Outra pesquisa, desta vez sobre as ‘mompreneurs’ britânicas, feita pela Yellow Pages, mostra que as mães inglesas atribuem o empreendedorismo e o sucesso nos negócios à maternidade. Segundo a pesquisa, 40% das empresárias inglesas com filhos afirmam que tiveram a ideia de começar o negócio quando estavam grávidas ou no primeiro ano de vida do bebê e 92% delas atribuem o sucesso nos negócios a uma série de habilidades que desenvolveram durante a experiência da maternidade.

Ao analisar a pesquisa, o renomado psicólogo Geoffrey Beattie, da Manchester University, afirmou que “a gravidez tem um grande efeito sobre o corpo e o cérebro das mulheres, o que pode elevar o humor delas por longos períodos". Ainda segundo ele, esse estado de humor faz com que elas fiquem mais predispostas a arriscar e transformar ideias em ações.

A pesquisa também mostrou que a internet desempenha um papel decisivo neste movimento que cresce a cada dia. Mais da metade das mães (51%) que participaram da pesquisa disseram que “sem a internet não teriam a liberdade e flexibilidade para trabalhar e também cumprir compromissos familiares”. Mais de um quarto delas (27%) trabalha depois das 17h e mais da metade (59%) trabalha entre 21h e 24h. Além disso, quase um terço das empresas formadas por mães (30%) são inteiramente baseadas na internet.

Com toda essa presença digital, não seria de se estranhar que o movimento contasse com diversas redes sociais, sites, blogs e serviços na internet. Em 2009, como ‘work-at-home-moms’ em busca de ser ‘mompreneurs’, mergulhamos nesse universo para criar a Companhia das Mães, o primeiro site brasileiro dedicado às nossas mães empreendedoras - uma loja virtual que vende artigos feitos por mães para mães e crianças de 0 a 6 anos. Temos moda materna e infantil, bolsas e acessórios, decoração, utilitários, brinquedos e artigos para festas. Tudo com muito charme e bom gosto!

Aqui, na coluna, vamos, os poucos, trazer o que há de melhor sobre e para as mães empreendedoras. Para começar, três sites bacanas para você mergulhar neste universo.

Mompreneurs Online
Ellen Parlapiano e Patricia Cobe criaram o termo e a marca registrada "mompreneurs" nos anos 1990 ao escrever seu primeiro livro Mompreneurs. Esta comunidade oferece um fórum, artigos, chat, blog e mercado.

The MOMeo Magazine
Carla Young comanda essa revista online americana para mães empreendedoras que oferece todo tipo de conteúdo: vídeo, chat, artigos, reportagens, comunidade e um curso online.

The Mompreneur
Revista online canadense com artigos sobre negócios, reportagens sobre maternidade e um diretório de empresas maternas.


Daniela Buono, Kátia Raele e Roberta Marcinkowski são três mães que resolveram montar seu próprio negócio - o site Cia. das Mães . Uma loja virtual que vende roupas e outros objetos feitos também por mães. Aqui, elas vão falar sobre o espaço que as mulheres estão ganhando no mercado empreendedor após o nascimento dos filhos.




Fonte: Revista Crescer

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