sexta-feira

O bebê já ouve desde a barriga?

Sim! Desde a gestação, seu filho é capaz de escutar e distinguir alguns sons, como a voz da mãe. Entenda como isso acontece


Na gravidez da filha mais velha, a técnica de enfermagem Priscila Pastorello Miller, 31, havia lido que conversar e cantar para o bebê era importante para criação do vínculo. “Resolvi fazer um teste, então. Cantava várias vezes e em diferentes momentos para ela. Como minha filha era bastante agitada, percebi que ela se acalmava nesses momentos”, recorda a mãe de Maria Valentina, 1 ano e 10 meses, e de Benjamim, 1 mês. Ao longo da gestação, manteve o hábito, repetindo especialmente as músicas que notava que a filha gostava, como algumas cantigas de roda e uma oração. Após o nascimento, Priscila percebeu que sua filha, provavelmente, as reconhecia, pois a tranquilizavam. "Canto-as até hoje”, diz.

De fato, tudo indica que, a partir da 12ª semana de gestação, já existe um funcionamento primitivo do sistema auditivo fetal, segundo o ginecologista e obstetra Roberto Cardoso, chefe de Medicina Fetal do Femme Laboratório da Mulher (SP). A partir da 16ª, acredita-se que o bebê começaria a ouvir sons abafados. “Já, por volta da 21ª semana (ou quinto mês) de gravidez, ele ouviria e distinguiria a voz materna claramente, reagindo aos estímulos sonoros mais conhecidos um pouco antes da 24ª”, completa o especialista.

E quais seriam esses sons? Além das vozes de pessoas próximas, como as dos pais, o bebê escuta barulhos internos do organismo da mãe, como as batidas do coração, a pulsação da artéria aorta, a circulação sanguínea na região uterina, os sons do estômago e do intestino, os das articulações em movimento e até mesmo os dos passos dela. Claro que, para chegar até o bebê, os ruídos atravessam inúmeras barreiras, como a pele, o tecido subcutâneo (gordura), a parede do útero e, por último, o líquido amniótico (fluido que o envolve dentro do saco gestacional).

Ainda assim, muitas mães como Priscila garantem que o bebê reconhece sua voz desde o nascimento. “Estudiosos sugerem que a conversa da mãe com o bebê libera não apenas sons, como também substâncias na circulação sanguínea materna e, por consequência, na do filho. Ou seja, geraria um estado químico que, por sua vez, transmitiria uma sensação cada vez mais familiar”, afirma o obstetra Cardoso. A psicóloga e consultora do sono Maiana Rappaport, da Casa Moara (SP), conta que uma das dicas para acalmar o recém-nascido e fazê-lo dormir melhor é colocar os chamados ruídos brancos para ele ouvir. “Tudo o que lembraria o que ele escutava durante a gestação, como as ondas do mar (equivalente ao líquido amniótico e à circulação sanguínea) e batimentos cardíacos, além de histórias e músicas”, diz. Por essa razão, ela acredita que as grávidas devem falar com o bebê com frequência, ainda que sinta estranhamento a princípio. “Ao conversar com o filho, a mãe está supondo que ele é um indivíduo de verdade e começa a criar um espaço para ele na vida dela”, explica.


Fonte: revista crescer

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