quarta-feira

Dor de ouvido: por que o antibiótico não deve ser a primeira opção

Academia Americana de Pediatria incentiva médicos a colocarem seus pacientes em observação antes de receitar o medicamento, se o caso não for grave

Amoxicilina não é um nome fácil de se pronunciar. Mas com certeza muitos pais já tiveram que dizê-lo no balcão da farmácia. Esse é o nome daquele antibiótico de cor rosa, o remédio mais prescrito pelos médicos para tratar a otite média aguda em crianças – uma das causas mais comuns da famosa dor de ouvido.

Não temos dados sobre o Brasil, mas nos Estados Unidos a dor de ouvido é a maior causa de prescrição de antibióticos entre as crianças. Preocupados com esse quadro, um grupo de médicos da Associação Americana de Pediatria (AAP), órgão reconhecido mundialmente, lançou novas recomendações para encarar o problema. “As novas diretrizes enfatizam critérios mais rigorosos para a realização de um diagnóstico adequado da otite média aguda, o que permitirá aos clínicos prescreverem antibióticos adequadamente”, afirmou a AAP em nota.

Segundo Arthur Castilho, otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o antibiótico em si não é um problema. Para algumas crianças, esse tratamento é a única maneira de acabar com a infecção. Porém, alguns pacientes não precisam dele para melhorar, e se houver a prescrição precoce, o antibiótico pode ser usado à toa. E como esse tipo de medicamento também ataca as bactérias responsáveis pelo equilíbrio da flora intestinal, da saúde da pele e da garganta,não se deve tomá-lo sem real necessidade.

Confira abaixo as recomendações da AAP para a conduta dos médicos após o diagnóstico.

É necessário prescrever o antibiótico... 
... em casos de otite média aguda nas crianças de 6 meses ou mais acompanhados de sintomas graves, como febre de 39ºC, e para crianças de 6 a 23 meses com otite nos dois ouvidos, mesmo que o quadro não seja grave.

O antibiótico pode esperar... 
... em casos de crianças de 6 a 23 meses com otite em apenas um ouvido sem sintomas graves e em casos de crianças com mais de 2 anos sem sintomas graves. Nessas situações, elas podem ficar em observação por dois dias sem o uso de antibióticos, caso os pais estejam de acordo com o médico. Caso não melhorem nesse período, o antibiótico deve ser prescrito.

Prevenção
O documento também lista algumas recomendações para evitar a otite desde os primeiros meses de vida. Tomar a vacina contra a gripe (H1N1), a vacina pneumocócica (disponível nos postos de saúde), amamentação exclusiva até os seis meses, evitar a exposição da criança à fumaça do cigarro e diminuir ou evitar o uso da chupeta dos seis meses a 1 ano estão entre elas.

A otite média aguda costuma aparecer mais nas crianças de 4 a 6 anos, segundo Castilho. Além de casos pontuais, há também crianças que apresentam otite de repetição – isto é, três ou mais vezes ao ano. Nesses casos, o médico precisa acompanhar a criança e descobrir o que está por trás desse quadro. Alguns pacientes acumulam mais muco no ouvido, o que os deixam mais predispostos a infecções. Outros são orientados a passar por cirurgia para retirar parte da adenoide e há ainda casos de crianças que precisam colocar um tubo de ventilação no ouvido.


Também vale lembrar que sempre que a criança manifestar algum sintoma, como febre, dor, coceira ou secreção no ouvido, é preciso procurar o pediatra. Só ele é quem poderá indicar o tratamento mais adequado.  

Fonte: revista Crescer

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