sexta-feira

A profissão dos sonhos de criança se tornou realidade para 30% dos profissionais, segundo estudo

Será que desde cedo já é possível ter sinais do que os filhos serão no futuro? Entenda e veja o que os pais podem fazer para auxiliar as crianças em sua identificação profissional

Thais Paiva



“O que você que ser quando crescer?" Se a resposta que você deu na sua infância é a profissão que exerce hoje, você faz parte dos 30% que trabalham com o que sonharam quando criança, de acordo com um estudo realizado pela rede profissional LinkedIn.

Na pesquisa, chamada Dream Jobs (algo como profissões dos sonhos), a rede entrevistou mais de 8 mil profissionais cadastrados no site, de 17 países, para descobrir quais são as aspirações profissionais mais comuns na infância e o número de pessoas que acabaram, de fato, seguindo essas carreiras - o que aconteceu com 1 em cada 3 usuários.

Entre os profissionais que optaram por outras ocupações, em primeiro lugar aparece como razão o interesse por outras áreas e profissões com o passar do tempo (43.5%). "O emprego dos sonhos de quando somos crianças é uma janela para nossas paixões e talentos", disse Nicole Williams, especialista em carreira do LinkedIn. "Identificar e compreender estas paixões são fundamentais para melhorar o nosso desempenho no emprego atual, mesmo que ele não esteja relacionado àquele sonhado quando criança."

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Ainda de acordo com os resultados, a profissão mais desejada na infância pelos homens brasileiros é engenheiro civil (15%) e pelas mulheres, professora (15,6%).

Além disso, mais de 70% dos profissionais globais entrevistados disseram que a característica mais importante de um trabalho é "ter prazer no que faz". Em segundo lugar ficou "ajudar os outros", seguido por "um salário alto".

Identificação ou vocação?


Será que é possível ter certeza da profissão assim tão jovem? Segundo Maria Beatriz de Oliveira, psicopedagoga e coordenadora do Serviço de Orientação Profissional da Unesp, de Araraquara, a resposta é não! “A criança possui uma visão reducionista do mundo do trabalho. Ela até conhece algumas profissões, mas não compreende de fato sua complexidade, funções e responsabilidades”, diz.

A psicopedagoga explica que o que acontece, muitas vezes, é que a criança se identifica com o profissional, mas não necessariamente com a profissão. “A admiração da criança por alguém da família, um professor que ela gosta muito ou aquele personagem da TV podem levá-la a gostar daquela ou outra profissão, não porque sinta vocação para isso, mas porque deseja ser como aquela pessoa”, afirma Maria Beatriz.

Para Silvio Bock, pedagogo e diretor da Nace - Orientação Vocacional, a criança é curiosa por natureza, quer experimentar diferentes coisas e é geralmente nestes momentos que os pais, em uma ansiedade natural, ficam tentando achar sinais do que elas poderão ser no futuro.

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“Quando o filho desmonta um brinquedo e depois tenta remontá-lo, eles dizem: ´vai ser engenheiro´. A criança quando escuta isso e sente que os pais valorizam a ocupação pode acabar se interessando e querendo aquilo para ela, mesmo não fazendo muito ideia do que a profissão é na prática”, diz Bock.

Assim, “ideia de vocação” é muitas vezes fruto de uma imagem afetiva que a criança constrói de determinada ocupação por conta da valorização dentro de casa, na mídia ou na escola. “As crianças não pensam em profissões de forma abstrata, mas em rostos que pertencem àquela carreira. Pensam na jornalista da TV quando cogitam ser jornalistas, no cantor famoso quando pensam em fazer música, no ídolo do time quando querem ser jogadores de futebol”, acrescenta Bock.

O papel dos pais


Você deve estar se perguntando se não há nada que os pais possam fazer para auxiliar seus filhos nesta busca pela identificação profissional. Mas tem, sim! Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra e escritor do livro Pais & Filhos, Companheiros de Viagem, diz que o mais importante é que os pais tenham um relacionamento e ambiente familiar propício ao desenvolvimento das múltiplas habilidades, interesses e aptidões de seus filhos, sem necessariamente direcioná-los para uma carreira ou outra.

“Qualidades como responsabilidade, pró-atividade, dedicação e compromisso são importantes para todas as profissões e ajudarão as crianças no futuro, independente da carreira que decidam seguir”, afirma Shinyashiki. E isso acontece no dia a dia, como mostrar ao seu filho a importância de realizar os trabalhos da escola com empenho (e até o fim), ainda que sejam em grupo, cumprir o horário das aulas, seja na escola, na natação, no balé, até contribuir dentro de casa, como ser de responsabilidade dele arrumar o quarto, guardar os brinquedos.

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Shinyashiki reforça que as crianças precisam ter a liberdade de experimentar e descobrir seus diferentes talentos sem precisar pensar em como transformá-los em trabalho. Isso deverá vir muito depois, só no final da adolescência, quando o jovem está se decidindo pela faculdade – primeiro passo para a vida profissional. Você vai perceber que haverá momentos em que seu filho vai ficar dias querendo desenhar, outros brincando de massinha e, ainda, em outros tentando construir uma cidade com blocos de montar. Deixe-o livre para explorar!

“Os pais ficam tão preocupados com o sucesso dos filhos que se esquecem de que o verdadeiro caminho para uma vida profissional bem-sucedida é a felicidade. Se eles gostarem do que fazem e forem pessoas realizadas terão a melhor profissão do mundo”, afirma Shinyashiki.


Fonte: Revista Crescer

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