segunda-feira

As mulheres também precisam de cuidados depois do parto

Não é só o bebê que precisa de cuidados depois do parto. Você também tem de prestar atenção na sua recuperação para ficar saudável

Por Mônica Brandão


Parece loucura pensar nisso, mas no meio das mamadas, trocas de fraldas e banhos, você tem de prestar atenção em... você. Sim, porque, além de se tornar mãe, acabou de passar por um processo natural, mas delicado, que é o parto. Mais ainda se tiver sido uma cesárea, considerada uma cirurgia de grande porte, com todos os riscos que acompanham uma operação. “A alta do hospital só acontece depois que a mulher passa por uma série de exames, físicos e laboratoriais, e apresenta um quadro saudável. Mas os cuidados continuam em casa”, diz Eduardo Cordioli, obstetra e coordenador da Maternidade do Hospital Albert Einstein (SP). Como a recuperação leva tempo – só após a sexta semana dá para dizer que os riscos de complicação são pequenos –, você deve observar como seu organismo se comporta. Além de se alimentar de forma equilibrada, descansar e não carregar nada mais pesado do que o bebê, também é preciso observar o sangramento, a situação das mamas, a contração do útero. E, o mais importante: ir em todos os retornos médicos solicitados. Alguns problemas que surgiram durante a gestação, como hemorroidas, varizes e azia, tendem a desaparecer. Outros, como pressão alta e diabetes, precisam ser monitorados. Veja a seguir com o que é preciso ficar atenta.
Mamas bem cuidadas

É uma das partes do corpo que você mais vai olhar durante o pós-parto. Para o bico não rachar, mantenha o local sempre hidratado. Você faz isso com o próprio leite materno ou com pomadas específicas para esse fim – nada de usar cremes hidratantes. Outro problema é a mastite, o popular empedramento dos seios, que ocorre quando há muito leite. As mamas ficam brilhantes, vermelhas e a mulher chega a ter febre. O jeito mais rápido de resolver é fazer compressas de água gelada (o calor aumenta a produção) e tirar o excesso de leite com as mãos. Se a febre ultrapassar a temperatura de 37,8 graus ou se o problema continuar, fale com seu médico.
Barriga sem inchaço

Normalmente o útero vai se contraindo ao longo dos dias depois do parto, ajudado pela liberação da ocitocina, hormônio lançado na circulação durante as mamadas – por isso é comum sentir cólicas durante a amamentação. O sangramento decorrente disso, que nos primeiros dias é bem vermelho, vai se tornando cada vez mais claro até que desapareça completamente. Se isso não ocorrer ou seu abdome não desinchar aos poucos nas primeiras semanas, fique atenta. Os dias na maternidade e o retorno ao consultório do obstetra geralmente são suficientes para diagnosticar se você está bem. Avise ao seu médico se desconfiar de alguma coisa para evitar infecções e hemorragias.
Cicatrizes invisíveis

Tanto o corte da cesárea quanto o da episiotomia devem ser limpos com água e sabonete. Mantenha o local sempre seco. Também siga as orientações médicas sobre atividades físicas. Caso sinta muita dor, converse com o seu obstetra sobre os possíveis analgésicos permitidos para o período de amamentação. Fique atenta para: dor que não passa com medicação, sinais de vermelhidão, inchaço, aumento de temperatura no local e febre, secreções, odor desagradável. Esses podem ser sinais de infecções ou inflamações, que precisam de uma intervenção médica, muitas vezes com o uso de antibióticos.

Glicemia e pressão em dia

Quem não teve problemas com a pressão ou com a glicemia não precisa se preocupar – os dias no hospital e o retorno médico irão confirmar que os níveis continuam normais. Mas mulheres que tiveram hipertensão ou pré-eclâmpsia exigem um controle maior, principalmente na primeira semana, quando ainda há risco de vida. Logo após o parto, a tendência é que a pressão volte ao normal. O importante é verificar se o estado hipertensivo não se prolonga ou se instala de forma crônica, e evitar problemas cardíacos, renais e cerebrais. O mesmo vale para quem teve diabetes gestacional. Os valores de glicemia demoram algumas semanas para se regularem. Enquanto isso, é necessário controlar a alimentação e dosar os medicamentos. Depois de 30 dias novos exames confirmam que o problema acabou. A diabetes pode continuar, mas isso significa que a mulher iria mesmo desencadear a doença e a gravidez foi um fator precipitante. Não deixe de ir aos retornos médicos e verifique se não é necessário consultar um especialista.
Cuidar do seu corpo, observar seu organismo e retornar ao médico são as melhores atitudes para o pós-parto

Hormônios regulados

Depois da gravidez, você vai se preocupar com os hormônios se quiser tomar anticoncepcionais ou se tem hipo ou hipertireoidismo. No primeiro caso, converse com o médico pois nem toda pílula é liberada na amamentação. Já os problemas na tireoide exigirão novas dosagens de medicamentos, pois eles mudaram durante a gravidez e agora voltam a ser os mesmos de antes.
Corpo saudável

Cuide do seu peso nesse momento não só por questões estéticas, mas também para aliviar suas costas. Elas já foram sobrecarregadas no final da gravidez e agora serão superexigidas nos cuidados com o bebê. Continue a hidratar sua pele para ajudar na recuperação e diminuir o risco de estrias. E fique de olho nas pernas: não devem ter inchaço ou dor. Cuide bem de você e curta muito seu bebê!

Fontes: Eduardo Cordioli, obstetra e coordenador da Maternidade do Hospital Albert Einstein (SP); Abner Lobão, coordenador do programa de Pré-Natal Personalizado e chefe do Pronto-Socorro de Ginecologia e Obstetrícia da Unifesp/EPM (SP)

Revista Crescer

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