Outra constatação é de que o tratamento seria mais indicado do que fazer o parto prematuramente
Ana Paula Pontes e Bruna Menegueço
Pouco tempo depois de descobrir a gravidez vem uma nova notícia. Dessa vez, nada boa: um câncer. Em meio a tantas dúvidas e medos que permeiam essa situação, um novo estudo traz esperança. Segundo pesquisadores da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, o tratamento quimioterápico durante a gravidez não prejudica o desenvolvimento do bebê. A prática seria melhor, de acordo com a pesquisa, do que submeter a criança a um parto prematuro para evitar que ela seja exposta à quimioterapia.
Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram 70 bebês. Cerca de 2/3 dessas crianças nasceram prematuramente, ou seja, antes de 37 semanas de gestação para evitar um possível contato com a quimioterapia. As outras nasceram após 37 semanas, mas foram expostas às drogas do tratamento enquanto estavam no útero.
Os dados mostram que o desenvolvimento congênito de todos os bebês era bem semelhante. Na análise feita em relação ao desenvolvimento cognitivo – medido pela pontuação no quociente de inteligência e testes comportamentais -, as crianças prematuras tiveram um pior desempenho.
“Os resultados da análise mostram que as crianças sofrem mais com a prematuridade do que com a quimioterapia pré-natal”, diz o oncologista Frederic Amant, que liderou a pesquisa. Para a equipe de cientistas, os dados mostram que não há necessidade de gestantes com câncer atrasarem ou até desistirem do tratamento de quimioterapia após o primeiro trimestre. “Apenas uma fração da quimioterapia atravessa a placenta e chega até o feto”, completa Amant.
Aqui no Brasil, o consenso entre os médicos é o mesmo. “O tratamento nunca deve ser adiado. A grávida não deve ter medo de buscar um diagnóstico precoce se houver alguma desconfiança de câncer, seja ele qual for”, diz Marcelo Oliveira dos Santos, oncologista do Hospital Santa Catarina (SP).
Outro estudo realizado pela Universidade do Texas, em 2009, sugere que a gestação contribui para o atraso no diagnóstico do câncer de mama, bem como a avaliação e o tratamento. A pesquisa foi feita com 104 mulheres que apresentaram câncer de mama associado à gestação. Dessas, 51 tiveram a doença durante a gravidez e 53, após um ano (também considerado câncer de mama na gestação). O resultado mostrou que elas apresentaram tumores mais avançados do que aquelas que não engravidaram.
Isso não quer dizer que a doença é mais grave ou que a chance de cura é menor porque a mulher está grávida. A evolução do câncer é exatamente igual em uma gestante ou não gestante. O que pode ser diferente é o diagnóstico. "Como a mama está sob efeito dos hormônios da gravidez, existe uma dificuldade de identificar o nódulo, que pode estar maior quando for descoberto", diz o especialista.
A vida da gestante com câncer
Mas felizmente o câncer na gravidez não é frequente - pode ocorrer 1 a cada 1000 gestações. Ainda assim é importante fazer exames rotineiros antes de engravidar, como ultrassonografia de mama ou mamografia. Este último, feito somente a partir dos 35 anos, pode ser antecipado quando há histórico de câncer de mama na família.
Se o tratamento for necessário, os efeitos colaterais são os mesmos para qualquer pessoa. “No caso das grávidas, as náuseas podem acontecer com mais frequência com o uso de quimioterápicos. O cansaço e a fraqueza podem deixá-la mais frágil. Existem medicações que podem ser prescritas na gravidez para amenizar os sintomas”, explica a médica oncologista Ana Paula Garcia Cardoso, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
É importante também ter um acompanhamento com psicólogos, oncologistas e obstetras especializados, além de fazer uma atividade física leve para ter disposição e manter o lado emocional equilibrado.
Fonte: Revista Crescer
Ana Paula Pontes e Bruna Menegueço
Pouco tempo depois de descobrir a gravidez vem uma nova notícia. Dessa vez, nada boa: um câncer. Em meio a tantas dúvidas e medos que permeiam essa situação, um novo estudo traz esperança. Segundo pesquisadores da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, o tratamento quimioterápico durante a gravidez não prejudica o desenvolvimento do bebê. A prática seria melhor, de acordo com a pesquisa, do que submeter a criança a um parto prematuro para evitar que ela seja exposta à quimioterapia.
Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram 70 bebês. Cerca de 2/3 dessas crianças nasceram prematuramente, ou seja, antes de 37 semanas de gestação para evitar um possível contato com a quimioterapia. As outras nasceram após 37 semanas, mas foram expostas às drogas do tratamento enquanto estavam no útero.
Os dados mostram que o desenvolvimento congênito de todos os bebês era bem semelhante. Na análise feita em relação ao desenvolvimento cognitivo – medido pela pontuação no quociente de inteligência e testes comportamentais -, as crianças prematuras tiveram um pior desempenho.
“Os resultados da análise mostram que as crianças sofrem mais com a prematuridade do que com a quimioterapia pré-natal”, diz o oncologista Frederic Amant, que liderou a pesquisa. Para a equipe de cientistas, os dados mostram que não há necessidade de gestantes com câncer atrasarem ou até desistirem do tratamento de quimioterapia após o primeiro trimestre. “Apenas uma fração da quimioterapia atravessa a placenta e chega até o feto”, completa Amant.
Aqui no Brasil, o consenso entre os médicos é o mesmo. “O tratamento nunca deve ser adiado. A grávida não deve ter medo de buscar um diagnóstico precoce se houver alguma desconfiança de câncer, seja ele qual for”, diz Marcelo Oliveira dos Santos, oncologista do Hospital Santa Catarina (SP).
Outro estudo realizado pela Universidade do Texas, em 2009, sugere que a gestação contribui para o atraso no diagnóstico do câncer de mama, bem como a avaliação e o tratamento. A pesquisa foi feita com 104 mulheres que apresentaram câncer de mama associado à gestação. Dessas, 51 tiveram a doença durante a gravidez e 53, após um ano (também considerado câncer de mama na gestação). O resultado mostrou que elas apresentaram tumores mais avançados do que aquelas que não engravidaram.
Isso não quer dizer que a doença é mais grave ou que a chance de cura é menor porque a mulher está grávida. A evolução do câncer é exatamente igual em uma gestante ou não gestante. O que pode ser diferente é o diagnóstico. "Como a mama está sob efeito dos hormônios da gravidez, existe uma dificuldade de identificar o nódulo, que pode estar maior quando for descoberto", diz o especialista.
A vida da gestante com câncer
Mas felizmente o câncer na gravidez não é frequente - pode ocorrer 1 a cada 1000 gestações. Ainda assim é importante fazer exames rotineiros antes de engravidar, como ultrassonografia de mama ou mamografia. Este último, feito somente a partir dos 35 anos, pode ser antecipado quando há histórico de câncer de mama na família.
Se o tratamento for necessário, os efeitos colaterais são os mesmos para qualquer pessoa. “No caso das grávidas, as náuseas podem acontecer com mais frequência com o uso de quimioterápicos. O cansaço e a fraqueza podem deixá-la mais frágil. Existem medicações que podem ser prescritas na gravidez para amenizar os sintomas”, explica a médica oncologista Ana Paula Garcia Cardoso, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
É importante também ter um acompanhamento com psicólogos, oncologistas e obstetras especializados, além de fazer uma atividade física leve para ter disposição e manter o lado emocional equilibrado.
Fonte: Revista Crescer

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