domingo

Pediatras norte-americanos aumentam a recomendação diária de ingestão de ferro pelas crianças

A nova indicação, que deve ser adotada também no Brasil, é para crianças de 4 meses a 3 anos
A Academia Americana de Pediatria (AAP) mudou recentemente a quantidade diária recomendada de ingestão de ferro pelas crianças. A alteração (veja tabela) foi baseada em descobertas recentes de efeitos irreversíveis que a falta de ferro pode causar no desenvolvimento cognitivo e comportamental das crianças. O problema mais frequente é a anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro no sangue. "É comum os pediatras não detectarem a tempo a carência de ferro, algo que ocorre antes da anemia", diz o pediatra Joel Lamounier, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A questão é que, na fase inicial da doença, quase não há sintomas. O médico precisa, então, estar atento ao histórico da criança: perguntar sobre sua alimentação, levar em conta se ela nasceu prematura ou com baixo peso e se se alimentou apenas com leite de vaca no primeiro ano de vida, uma vez que ele é menos nutritivo que o materno. "Com isso, ele consegue perceber se o paciente tem ou não falta de ferro e, se necessário, pedir a confirmação clínica dos exames”, diz o médico.
No Brasil, segundo o pediatra, a recomendação é de que a partir dos 6 meses os bebês comecem a tomar suplemento de ferro, em forma de gotas, até os 2 anos de idade. Além de, claro, consumire alimentos ricos nesse nutriente a partir dos 6 meses. Já para aqueles que nascem prematuros ou com baixo peso, a suplementação deve começar com 1 mês. A nutricionista infantil do hospital Pequeno Príncipe (PR), Maria Emília Suplicy, explica que dos 7 meses até 1 ano a criança precisa da suplementação de ferro, porque as carnes, a maior fonte de ferro, ainda são consumidas em pequenas quantidades nessa fase. Já entre 1 e 3 anos, é necessário oferecer às crianças carne vermelha cinco vezes na semana, além de feijão e vegetais. "Também recomendo dar sucos cítricos após as refeições principais, almoço e jantar, e oferecer leite e derivados apenas no café da manhã e lanches. Isso porque a vitamina C nas frutas aumenta a absorção de ferro pelo organismo e o cálcio, diminui”, afirma a nutricionista.
Por seguir a mesma linha da AAP, a Sociedade Brasileira de Pediatria, em breve, deve também seguir a recomendação norte-americana, acredita Lamounier. O pediatra diz, ainda, que o que mais chama a atenção nas novas quantidades recomendadas pela AAP é a preocupação estendida para as crianças de até 3 anos - no Brasil, a suplementação é recomendada pela SBP até os 2 anos. “ A suplementação de ferro não pode ser usado apenas no primeiro ano de vida, mas sim durante parte da infância. E essa tem sido uma preocupação mundial”, finalizou Lamounier.
A nova tabela de recomendação da Academia Americana ficou assim:


Idade Quantidade (mg/dia) O que ingerir
4 meses 1 suplemento de ferro
6 meses a 1 ano 11 carne vermelha e vegetais ricos em ferro
1 a 3 anos 7 carne vermelha, vegetais ricos em
em ferro, frutas com vitamina C

Fonte: Academia Americana de Pediatria

sábado

Você tomou remédios e não sabia que estava grávida?

Assim como para aquela cervejinha de fim de semana, o ideal é que você pare com eles ainda antes do atraso menstrualVocê não sabia que estava grávida e continuou tomando remédios? Em primeiro lugar, nada de desespero. Procure seu médico e informe sobre as medicações que estava usando. Ele irá decidir o que você deve parar de tomar imediatamente ou substituir, se houver necessidade. O mesmo vale para aquela cervejinha do fim de semana. É hora de parar!
O risco de uma medicação prejudicar o bebê é maior depois do atraso menstrual. Antes, é bem pequeno. Isso porque nos primeiros dias está acontecendo a implantação do embrião na parede do útero, e não há uma transmissão do material “tóxico” da mãe para ele. Porém, depois, as substâncias tóxicas ingeridas pela mãe, seja de medicação ou álcool, atravessam a barreira placentária e atingem o feto, o que pode prejudicar o desenvolvimento do bebê.

Fonte: Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês (SP)

sexta-feira

Quando o bebê vai mexer pela primeira vez?

Você só vai sentir os chutes do seu filho lá pela 18a semana de gravidez, mas ele se movimenta na barriga bem antes dissoQual grávida não fica na torcida para sentir os movimentos do bebê na barriga. A expectativa é ainda maior para as mães de primeira viagem porque não sabem como será. “As primeiras mexidas podem ser confundidas com gases, ronco no estômago ou uma leve cólica, mas logo a mãe percebe que é algo que se movimenta abaixo do umbigo”, afirma o ginecologista e obstetra Djalma da Cruz Gouveia.
Quando o bebê mexe, a gravidez se torna concreta para a mãe, mesmo que já estivesse comprovadíssima nos exames de ultra-som. “Ao sentir os movimentos do feto, a grávida se reassegura de sua presença. Esse momento é especial para reforçar o vínculo entre mãe e filho”, afirma a psicóloga Ana Merzel.
Na segunda gravidez, fica mais fácil identificar as mexidas do bebê. Mulheres acima do peso podem ter mais dificuldade para sentir o bebê mexer porque a camada de gordura na região do abdômen dificulta a percepção.
Primeiros movimentosVocê não sente, mas seu bebê pode estar se mexendo no útero a partir da 10ª semana de vida. Antes disso, fazia movimentos, mas ainda não tinha o esboço de braços e pernas que agora possui. Você não percebe porque a quantidade de líquido amniótico que envolve o feto (cerca de meio litro) é muito maior do que seus 2,5 centímetros de comprimento e 3 gramas de peso. É entre a 18ª e a 20ª semana que as primeiras sensações de movimentos do bebê — então com cerca de 18 centímetros e 500 gramas — chegam para a maioria das mães.
Nesse início, a percepção é de um movimento suave. “Em geral, as mães o descrevem como algo que passa de um lado para outro dentro da barriga, como se fosse um peixe nadando, ou então como pequenas explosões”, diz o ginecologista Walter Banduk Seguim. Segundo ele, a sensação vem mais do deslocamento da água que o feto provoca do que dos choques com o organismo materno. “Só cerca de 3 a 4 semanas depois é que a mãe sente o que descreve como chute do bebê. E não é necessariamente um chute. Pode ser um soco ou uma cabeçada”, diz.
EspreguiçadelasO amadurecimento do sistema nervoso do feto é que determina a coordenação de suas ações, como levar a mão ao nariz, à boca, ao olho, piscar ou engolir. Por volta da 24ª semana, um movimento que começa a ficar frequente é o espreguiçar. O bebê estira os braços e as pernas várias vezes, como um exercício para fortalecer os músculos. “À medida que as espreguiçadelas se tornam mais definidas, aparece na barriga da grávida um calombinho. Em geral, é o calcanhar do bebê”, diz Seguim. Em torno da 32ª semana da gravidez, segundo os especialistas, muitas grávidas têm a sensação de outro movimento, que se repete um após outro, lembrando um soluço. “É o bebê simulando a respiração. Embora esteja num meio líquido e não use os pulmões, ele movimenta a musculatura respiratória como num treino”, afirma Seguim.
De olho no ritmoAssim que os movimentos do bebê se tornam perceptíveis, os médicos recomendam às mães ficarem atentas ao seu ritmo. “Isso é especialmente importante para a mulher que apresenta uma gestação de risco, como a grávida hipertensa ou com diabete, pois a diminuição dos movimentos pode ser um sinal de má oxigenação fetal”, esclarece Seguim. O ritmo das mexidas, segundo ele, mostra-se mais preciso a partir da 34ª semana, quando se estima que a grávida sinta de sete a oito grandes movimentos do bebê por hora. Alguns bebês mexem muito e outros, pouco. Por isso não adianta ficar comparando o ritmo do seu bebê com o de outras gestantes. Para descobrir qual é o ritmo do seu filho, faça o seguinte: durante três noites, ao deitar-se, procure prestar atenção só no bebê, sem se distrair. “A mãe vai notar um padrão de movimentos e assim perceberá quando o filho está mexendo mais ou menos”, diz Seguim.
Segundo os especialistas, as mães também costumam notar que ele se agita mais quando conversam com o filho ou quando alguém de quem gostam se aproxima. “Nesses momentos, o bebê é estimulado pela liberação de hormônios da mãe. Ele se movimenta pela ação da adrenalina ou se tranquiliza por causa da endorfina”, afirma Gouveia. Uma outra relação que as gestantes costumam fazer é que o filho parece chutar mais à noite, quando elas dormem. “A grávida é que sente mais as mexidas quando está deitada e relaxada. O bebê não tem percepção de dia ou noite. Ele dorme quase o dia inteiro, o que não significa que fique quieto. Há fases no sono em que há superagitação”, diz Seguim. Ele lembra que as mães têm ainda a impressão de que os bebês mexem menos quando uma mão fria pousa em suas barrigas. “A percepção do movimento é que diminui, porque a musculatura da barriga se contrai”, esclarece.
Hora do encaixeEnquanto seu tamanho é menor que o diâmetro uterino, o bebê pode dar milhares de voltas na barriga. Mas como a cabeça é a parte mais pesada do seu corpo, por ação da gravidade, ele costuma ficar de cabeça para baixo. “É uma característica de 96% dos bebês. Os outros 4% ficam sentados”, diz Seguim. Essa movimentação costuma ocorrer 15 dias antes do parto, ou a partir da 38ª semana. “A barriga abaixa e a gestante nota que respira melhor e consegue comer sem se sentir tão cheia”, diz o médico. A partir daí, os chutes de seu filho diminuem. Ele está concentrado nos últimos momentos para fazer seu gol de placa.


Fonte: Revista Crescer