quarta-feira

Amamentação: as 5 maiores dificuldades das mães (e como resolvê-las)

Perguntamos às mulheres quais são os maiores obstáculos que elas encontram ao tentar amamentar seus bebês. As queixas não são poucas – e nem todo mundo consegue falar abertamente sobre o assunto. A boa notícia é que esses problemas têm, sim, solução! Saiba como superá-los para oferecer ao seu filho o melhor alimento do mundo: o leite materno

(Foto: Thinkstock) 

Quando você aquela cena linda de uma mãe amamentando seu bebê em uma bela poltrona, com um sorriso estampado no rosto, transmitindo a maior tranquilidado do mundo, a impressão é de que o aleitamento é algo simples e totalmente natural; um talento que já nasce com as mulheres. O que quase ninguém conta é que não: nem sempre funciona assim. As dificuldades, principalmente no início da vida do bebê, não são poucas e, por isso, boa parte das mães acaba desistindo de amamentar. Munir-se de informação e pedir ajuda quando necessário são atitudes fundamentais para conseguir encarar essa missão com serenidade. Reunimos aqui as dificuldades mais comuns das mães e conversamos com especialistas para ajudar a solucioná-las.
Dor
Amamentar pode doer, sim. E por vários motivos. Pode ser o bico rachado, os seios muito cheios, ingurgitados, situação que pode até evoluir para uma mastite e causar febre alta na mãe. A pega errada (quando o bebê não abocanha a auréola por completo, mas apenas o bico do seio) é outra causa de sofrimento. Tem bebê que chega a morder o bico do seio e, acredite: mesmo que eles não tenham dentes ainda, a pressão da gengiva machuca. Os desconfortos intensos ocorrem principalmente durante as primeiras semanas de amamentação, quando o seio ainda está se adaptando para os longos meses que virão pela frente. É uma fase de adaptação, mas pode atrapalhar (e muito!) a amamentação do bebê. Vanessa Gabriel, mãe de Mariana, 6 anos, e Catarina, 3, conta que foi uma ilusão pensar em ter prazer ao amamentar. “Minha filha ficava com a boca muito fechada, agarrando apenas o bico e deixou meu mamilo como uma 'couve-flor'. Sangrou por quatro meses”, conta. “Foi a minha persistência em saber o quão importante era a amamentação que me fez conseguir vencer”. Para ela, falta informação e preparo sobre o assunto ainda no pré-natal. 

“Atualmente, é comprovado que práticas antigas, como passar bucha nas mamas, cortar o sutiã para expor os mamilos ou mesmo o uso de pomadas não preparam as mamas para a amamentação. Ao contrário: podem até prejudicar mais”, adverte Tatiana Vargas, fonoaudióloga e diretora fundadora da Mame Bem Assistência e Treinamento Profissional (SP). “A única orientação segura é tentar expor os mamilos ao sol quando der e buscar saber mais sobre pega correta, melhores posturas e livre demanda”, alerta.  “A melhor maneira de preparar o seio para a amamentação é procurar informações de qualidade e contar com o acompanhamento de profissionais que possam conduzi-la durante todo esse processo, como um consultor de amamentação ou especialista em aleitamento materno”, aconselha a profissional. Buscar grupos de apoio e cursos no período gestacional também são estratégias importantes para uma amamentação consciente e tranquila.

Mas e quando os seios estão rachados e doloridos, o que fazer? A principal atitude quando as mamas ficam feridas é avaliar o motivo que levou isso a acontecer e ajustar a pega o mais rápido possível. “Pomadas são contraindicadas de maneira geral pois seu uso pode levar a obstruções de ductos e sensibilidade maior na região do complexo mamilo areolar”, alerta Tatiana. “Atualmente utilizamos o laser de baixa potência para otimizar o processo cicatricial. É uma ferramenta nova, mas promissora, e com evidências científicas que apontam seu benefícios”.

Mamas muito cheias, ingurgitadas, também causam dor e prejudicam a pega do bebê, podendo levar ao aparecimento das fissuras. É importante que a mãe esteja atenta no momento das mamadas. “Caso as mamas estejam muito cheias, ela deverá realizar o que chamamos de ordenha de alívio. A mãe massageia as mamas e retirar um pouco do leite, de maneira que elas continuem cheias, mas mais macias”. Isso permitirá que a pega aconteça de maneira correta, com consequente eficiência na mamada, sem dor e com esvaziamento adequado dos seios.

Pouco leite
Muitas mulheres ouvem que devem ter pouco leite ou que o leite é fraco, quando o bebê não para de chorar. Foi o caso da leitora Ione Farias, mãe de Samuel, 1 ano e 8 meses, e de Cecília, que ainda está na barriga. “Fiquei muito abalada e procurei todas as soluções possíveis. Acho que me preparei muito para o parto e pouco para a amamentação”, lamenta.

Segundo a ginecologista e obstetra Diana Vanni, do Hospital israelita Albert Einstein (SP), isso pode acontecer no caso de mulheres que tenham passado por cirurgias mamárias, como as redutoras ou mastopexias (método cirúrgico que permite que a flacidez dos seios seja corrigida de forma a ficarem rígidos e elevados de novo). No entanto, não existe leite fraco ou pouca produção por parte da mãe. O que pode acontecer é um desequilíbrio causado quando o bebê não suga adequadamente. “O ducto mamário vazio é o sinal para o corpo produzir mais e isso não é uma questão de deixar o bebê horas no peito”, explica. É preciso ensinar o bebê a mamar do jeito certo com algumas manobras, como, apoiar o queixo dele durante a mamada para fortalecer a musculatura e abocanhar totalmente a auréola, em vez de pegar apenas o bico.

A sugestão da especialista é que a mãe e o bebê tenham sossego e privacidade para se conhecerem e aprenderem juntos sobre a amamentação. Contar com a ajuda de familiares e do marido é essencial para uma amamentação tranquila e eficiente. “Os cuidados com a mulher são essenciais nesse período e isso tanto no âmbito emocional quanto físico”, alerta Diana. Isso quer dizer que a mãe precisa se alimentar bem e tomar muita água ao longo do dia. “Isso garante não só uma boa condição física da mãe para amamentar, mas também uma boa produção de leite ao bebê”, diz a especialista.

Quando é identificada a diminuição da produção láctea é importante lembrarmos da principal regra da amamentação: quanto mais o bebê mamar, mais leite será produzido. “A mãe deverá passar a oferecer as mamas mais vezes, com intervalos mais curtos e pedir auxílio para seu pediatra e/ou consultor de amamentação para otimizar esse processo”, sugere Tatiana. A livre demanda é uma solução neste caso, pois ajuda a restabelecer o ritmo adequado, uma vez que o bebê estimula as glândulas mamárias inúmeras vezes ao longo do dia.

Bico invertido
Ter o bico do seio voltado para dentro e não para fora pode dificultar a pega do bebê. Nesses casos, o bebê não consegue sugar e puxa o seio com mais voracidade. A mãe, então, precisa de ajuda para conseguir “formar” o bico do seio e, muitas vezes, recorre ao auxílio dos bicos de silicone ou às conchas, o que pode atrapalhar ainda mais o processo. Isabela Gobbi, mãe de Laura, 2 anos, conta que tinha um dos bicos invertidos e que isso prejudicou o processo de amamentação. “Fiquei praticamente 40 dias sofrendo muito, mas não desisti. Fui fazendo tudo que aprendi no curso de amamentação”, conta.

Segundo a fonoaudióloga Tatiana, mamilos planos ou invertidos não impedem a amamentação. “Nos primeiros dias, poderá ser mais difícil para o bebê manter a pega, mas é possível ajustar a postura, colocar o bebê bem próximo ao corpo da mãe e usar recursos e massagens para tentar protruir os mamilos”, ensina. Durante a gravidez, não há nada para se fazer. Assim que o bebê nascer, o contato precoce com o peito, logo após o parto, o estímulo constante da amamentação e fazer uma “prega” com a mão na mama são atitudes que podem ajudar o bebê a pegar corretamente o seio.

Alerta! “Conchas e aparelhos que prometem inverter o bico apresentam pouco resultado”, diz a obstetra Diana.

Falta de apoio e críticas
Amamentação e parto são temas que facilmente causam discussões entre quem tem opiniões divergentes. Muitas vezes, as conversas viram verdadeiras brigas e, nesse caso, a melhor solução é se informar. “Se estamos mais seguras e embasadas fica mais fácil avaliar de maneira correta o cenário”, aconselha Diana. Ler livros específicos e buscar fazer cursos são boas alternativas. “Pense realmente em contratar a visita de uma consultora em aleitamento. Alguns convênios médicos até oferecem o serviço às suas seguradas”. Também é possível pedir ajuda nos postos de saúde ou em bancos de leite.

Para Alice Souza, mãe de Thales, 2 anos, apesar da loucura dos primeiros dias, o mais difícil foi lidar com o bombardeio da família. “Aprendi a ignorar e já estamos completando dois anos e um mês de amor líquido”, conta, feliz. Aryana Santos, mãe de Miguel, 3 anos, sentiu falta de apoio dos parentes. “Eles diziam que o leite não estava sustentando porque o bebê mamava de dez em dez minutos”, relembra (leia o item acima). “É frustrante você estar com um bebê recém-nascido, aprendendo a ser mãe, e ver que as pessoas, em vez de ajudar, ficam dando palpites”, diz. Tassia Furtado, mãe de Melissa, 9 anos, Veronica, 2 e Romeu 6 meses, ressalta que a maternidade exige paciência e persistência. “No primeiro filho, quase desisti inúmeras vezes porque eu caia nesses papos de quem dá palpites, dizendo que o leite é fraco ou que o bebê está com fome, mas meu pediatra sempre insistiu muito e consegui! Hoje estou no terceiro bebê e amamentei todos eles por bastante tempo”, relata.

“Sempre sugiro às parturientes que façam um ‘combinado’ com o marido: um mínimo de visitas curtas enquanto a amamentação está entrando nos eixos; ele segura a família dele e ela, a dela; ninguém no quarto durante a amamentação”, aconselha a obstetra. “E não tenham medo de dizer que comentários não são bem-vindos. Deem tarefas aos familiares que querem ‘ajudar‘: supermercado, feira, fazer uma comida, levar os filhos mais velhos para passear. Palpite não é ajuda”. Definitivamente. A maternidade precisa de menos julgamentos e mais apoio.

Falta de informação e preparo
Ao longo dos nove meses da gestação, alguns pais e mães até se matriculam em cursos sobre o tema. Nesse período, eles aprendem sobre os cuidados básicos com o bebê e se preparam para que a chegada em casa seja menos assustadora. No entanto, nem sempre o conteúdo sobre amamentação é suficiente. Vivian Marin Dutra, mãe de Helena, 3 anos, conta que em vez de se preocupar com a amamentação, se atentou apenas a itens como a decoração do quarto e a compra do enxoval e das lembrancinhas da maternidade. Já Lucy de Barros, mãe de Daniel, 8 meses, sentiu falta de mais apoio e instruções das enfermeiras na maternidade, a que atribui o fato de seu bebê ter usado mamadeira precocemente. Segundo Tatiana, ter um consultor de amamentação ou um profissional especialista em aleitamento materno, é fundamental para a preparação da família neste momento tão marcante, que é a chegada de um bebê. “Estes profissionais conduzirão os pais para grupos de discussão, oferecerão materiais e apoio inclusive em redes sociais – e as informações são passadas com segurança e responsabilidade”, reforça.


Fonte: revista Crescer

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