quarta-feira

Criança que come bem: seu filho é assim?

Antes de mais nada, é preciso ficar claro: comer bem não significa comer muito, e sim de forma equilibrada. Parece simples, mas é aí que mora o desafio. Enquanto algumas famílias se queixam de que o filho não gosta de nada, outras contam que ele recusa vários alimentos, mas devora exatamente as mesmas comidas todos os dias. A alimentação infantil é mesmo cheia de questões. afinal, como organizar um cardápio saudável e que caia no gosto das crianças? Conversamos com especialistas, trouxemos as últimas pesquisas e diversas dicas práticas para você ajudar seu filho a comer cada vez melhor – e com prazer!


De repente, aquele bebê que só tomava leite começa a estender a mãozinha para o seu prato, a fazer careta quando experimenta um alimento novo e a deixar sua cozinha com uma nova decoração. Papinhas tingem roupas e cadeirão, enquanto pedacinhos de frutas colorem o chão. Apesar da bagunça que envolve o momento da refeição com os bebês, muitas vezes você descobre que é possível sentir uma felicidade imensa simplesmente por ver alguém comendo brócolis ou lambuzando o rosto com um pedaço de manga. E, mais rápido do que você imagina, aquele pequeno desastrado se transforma em uma criança capaz de se alimentar por conta própria e, em um futuro não tão distante, a fazer suas escolhas à mesa.
Para você perceber como a alimentação nos primeiros anos de vida é essencial para a saúde no futuro, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Missouri (EUA), até os 2 anos o cérebro de um bebê consome, sozinho, entre 50% e 75% de toda a energia adquirida por meio da nutrição. Ou seja, se não receber os nutrientes necessários, a criança corre riscos de não desenvolver plenamente habilidades de cognição, além de apresentar comprometimento físico.

Comer bem, porém, não tem relação alguma com pratadas e mais pratadas de comida. Já foi o tempo em que um bebê gordinho era sinônimo de saúde. Um estudo da University College London (Reino Unido) com 2.564 crianças entre 4 e 18 meses mostrou que aqueles com sobrepeso tinham dieta similar à dos que possuíam medidas saudáveis. A diferença estava no tamanho das porções. “A pesquisa dá indícios de que os pais de filhos que estão acima do peso não dão necessariamente barras extras de chocolates para eles nem outros alimentos altamente calóricos. O problema é que eles servem porções maiores durante as refeições”, explicou em nota o autor do estudo, Hayley Syrad.

Assim, esqueça frases como “Raspe o prato” ou “Só levante quanto terminar tudo”. “Respeitar os limites da criança é a melhor maneira de estimulá-la a comer bem”, diz a gastropediatra Cylmara Gargalak, do Hospital Sírio-Libanês (SP). A nutricionista infantil Elaine de Pádua, autora do livro O que Tem no Prato do seu Filho (Ed. Alles Trade) vai além. “Forçá-la a comer pode tanto dilatar o estômago como criar uma neofobia alimentar, ou seja, uma relutância em experimentar novos alimentos. Se a criança não está com problemas de desenvolvimento, vai consumir o suficiente”, diz. Sabe por quê? De acordo com um estudo da Universidade de Harvard (EUA), já durante a amamentação, os bebês têm a capacidade de autorregular o apetite e não ingerem nem mais nem menos calorias do que precisam, habilidade que permanece mesmo depois do período exclusivo do aleitamento. A recomendação do Sistema de Saúde da Inglaterra é que os pais comecem servindo quantidades pequenas e deixem que os filhos peçam por mais se não estiverem saciados. Na dúvida, pense no seguinte: estudos indicam que o tamanho do estômago de um adulto é comparável ao de um melão pequeno e o de um bebê de 1 ano, a uma tangerina. Por isso, não exagere no tamanho das porções.

CRIANÇA VEGETARIANA, PODE?
Do ponto de vista nutricional, é possível que a criança se desenvolva de forma saudável sem a carne. Porém, principalmente nos primeiros meses da introdução alimentar, os pediatras recomendam, pelo menos, o consumo de peixe como proteína animal, por causa da vitamina B12, que ajuda na formação das hemácias, além de ser essencial para o sistema nervoso central. Mas fique atento às proibições. Tudo bem a sua família seguir o vegetarianismo e desejar o mesmo para o filho. Porém, se ele sentir vontade de experimentar uma comida que leve carne, não tem por que impedir. “É importante que a criança aproveite as experiências em outros círculos sociais, como festas de colegas, onde seja servida a proteína. Assim, eles terão mais parâmetros para tomar decisões em relação à sua dieta no futuro”, pondera a psicóloga Marina Arnoni, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos (SP).


Fonte: revista Crescer

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