quinta-feira

O que o bebê aprende dentro do útero

Ao longo da gestação, o bebê aprende muitas coisas (muitas mesmo!). Descubra o que o seu filho já é capaz de fazer


Graças aos avanços da medicina fetal nas últimas décadas, hoje é possível observar que não é apenas o corpo do seu filho que está em gestação. Ao longo dos nove meses, ele também está aprendendo uma série de ações. É como uma espécie de treino para a vida fora do útero. “Por volta da 13ª semana, por exemplo, podemos observar o bebê soluçando (algo que a grávida também pode sentir do lado de fora, mais adiante) nos exames de ultrassom. Isso acontece porque ele está engolindo o líquido amniótico e, com isso, contraindo e distendendo o diafragma, um prenúncio dos movimentos respiratórios”, explica a pediatra neonatal Cecília Lin Yu, do Centro de Terapia Intensiva Neonatal do Instituto da Criança – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Além dos movimentos do bebê que a gestante consegue perceber, o que mais ele está fazendo lá dentro? O especialista em medicina fetal Mário Burlacchini, do Fleury Medicina e Saúde (SP), conta algumas curiosidades. “Por meio do ultrassom tridimensional, demonstrou-se que o bebê sorri, mostra a língua e faz caretas a partir do terceiro trimestre. Nessa fase, também é possível notar expressões de sofrimento, como se fosse choro, mas sem lágrimas”, diz. Tudo isso foi observado em uma pesquisa feita com 16 fetos pelas Universidades de Durham e Lancaster (Reino Unido), por exemplo. Os cientistas não sabem dizer ao certo se elas estão relacionadas aos sentimentos do bebê, mas certamente mostram o desenvolvimento cerebral ao longo da gestação.

Ele não para
Alguns movimentos dão a impressão de que o bebê também gosta de brincar desde cedo. “Ele mexe e até mesmo morde o cordão umbilical (não a ponto de prejudicar a circulação sanguínea), segura pés e mãos e, para aqueles que compartilham o espaço com outro bebê, até tocam o irmão gêmeo”, resume Burlacchini.

Apesar da movimentação intensa, algo que as grávidas tendem a identificar melhor a partir da 20ª semana, é que ele passa a maior parte do tempo dormindo. De acordo com a pediatra neonatologista Lin Yu, pesquisas realizadas com fetos de animais durante o sono mostram, por meio do monitoramento das ondas cerebrais, que eles possivelmente sonham desde a 32ª semana de gestação – o que provavelmente ocorre também com os bebês humanos.

Atualmente, sabe-se que o bebê já têm os sentidos, como a audição e o tato, desenvolvidos no segundo trimestre da gravidez. E, o mais surpreendente, ele recorda sons (como os batimentos cardíacos e a circulação sanguínea da mãe) e vozes familiares que ouviu durante a gravidez após o nascimento. “O ambiente intrauterino estimula o bebê constantemente”, diz a pediatra.

É só o começo

Embora permaneça no escuro durante nove meses, alguns exames mostram que o bebê, por volta da 25ª semana, apresenta o reflexo de abrir e fechar os olhos quando a luz forte incide diretamente sobre a barriga da mãe. Um estudo da Universidade da Califórnia, em parceria com o Hospital Infantil de Cincinnatti (EUA) – feito com fetos de ratos –, sugere que a exposição solar na gravidez influenciaria o crescimento de vasos sanguíneos dos olhos do bebê e, por consequência, a visão dele.

Ao se movimentar quando escuta a voz do pai ou sente a pressão das mãos da mãe sobre a barriga, é possível que o bebê esteja respondendo ao estímulo ou agindo por reflexo. Mas isso não impede que os pais continuem a interagir com o filho, um sinal, aliás, de que já estão criando espaço para ele na família. “Hoje, sabemos que o bebê cresce, desenvolve-se e aprende desde antes de nascer. A vida começa intraútero e os estímulos, portanto, não serão em vão”, conclui Lin Yu.


Fonte: revista Crescer

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