quinta-feira

Fofinho ou acima do peso?

Pesquisa reforça que os pais de crianças com sobrepeso têm dificuldade de reconhecer o problema



Responda rápido: seu filho tem o peso adequado para a idade, sexo e altura dele? Se você respondeu que sim, há chances de ter se enganado. De acordo com um estudo da Universidade de Gothenburg, na Suécia, um em cada dois pais de crianças com sobrepeso acredita que o filho está com o peso ideal. A análise é parte de um levantamento feito com 16 mil crianças europeias com idade entre 2 e 9 anos (das quais 1.800 vivem na Suécia). Resultados similares já foram encontrados em pesquisas anteriores em outros países, incluindo o Brasil.

O pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI (Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil) do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, não se surpreende com a dificuldade das famílias para enxergar o problema dentro de casa. “Do ponto de vista estatístico, estar acima do peso é o ‘normal’ atualmente, já que 51% da população brasileira se inclui nessa categoria”, afirma. Outro agravante, de acordo com o especialista, é que ainda hoje as crianças mais rechonchudas são vistas como saudáveis ou fortes.

Vale lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, tem mais de uma causa. Em primeiro lugar, existe a predisposição genética, o que aumenta o risco de filhos de pais obesos ganharem peso. Mas há também o que os médicos chamam de ambiente obesogênico, que não só produz como garante a manutenção do sobrepeso e da obesidade. “O comportamento da família em relação à alimentação e às atividades físicas dobra as chances do excesso de peso ao longo das gerações”, afirma Fisberg. Por último, ele destaca a programação metabólica que ocorre no organismo ainda durante a gestação e os primeiros anos da criança. Fatores como peso gestacional, aleitamento materno e a nutrição do bebê podem afetar a maneira como os genes se expressam, provocando ou não a obesidade na infância e na vida adulta.

E quando ele crescer?
Além de relutar em admitir o sobrepeso do filho, outro erro comum dos pais é acreditar que ele vai perdê-lo espontaneamente ao crescer. “Estudos mostram que oito em cada dez crianças que chegam à adolescência com excesso de peso continuarão assim”, alerta o nutrólogo. O que só aumenta a importância do diagnóstico precoce. Por isso, se tiver dúvida sobre o peso do seu filho, converse com o pediatra. Prevenir ainda é o melhor tratamento para a obesidade.


Fonte: revista Crescer

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