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Falta de iodo na gravidez pode prejudicar desenvolvimento mental da criança, segundo pesquisa

Estudo realizado com mulheres britânicas mostra que deficiência de iodo durante a gestação gera crianças com índices mais baixos de QI, especialmente no que se refere à comunicação verbal, à precisão e à compreensão de leitura



O iodo é tido como vilão por grande parte das pessoas. Isso porque, em exagero, desencadearia a chamada tireoidite de Hashimoto, doença autoimune em que o próprio organismo passa a atacar a glândula tireoide. Mas um levantamento conduzido por cientistas das universidades britânicas Surrey e Bristol prova que o nutriente tem seu lado positivo. Eles analisaram a concentração de iodo em amostras de urina de 1.040 mulheres, recolhidas durante o primeiro trimestre de gravidez e constataram que dois terços das mães apresentavam insuficiência leve ou moderada de iodo no organismo (menos de 150 mg/g). Futuramente, ao mensurar o QI dos filhos das participantes aos 8 anos de idade, os estudiosos notaram que ele era inferior nas crianças cujas mães tiveram carência do mineral na gestação.

Em nota, a nutricionista Sarah Bath do Departamento de Ciências Nutricionais da Universidade Surrey afirma que gestantes e aquelas que planejam uma gravidez devem assegurar a ingestão adequada de iodo. Boas fontes alimentares desse micronutriente são o leite, seus derivados e peixes. “Os resultados revelam claramente a importância de um aporte adequado de iodo durante a gravidez e enfatizam o risco que sua deficiência pode representar para a criança em desenvolvimento”, ressalta Margaret Rayman, uma das líderes do experimento.

“Substâncias como o sódio e o iodo são encontradas em grandes quantidades em muitos dos alimentos que consumimos hoje, pois a indústria os adiciona para conferir um prazo de validade maior a seus produtos. Acontece que, em falta ou em excesso, eles podem prejudicar o desenvolvimento do sistema nervoso do feto, especialmente no primeiro trimestre de gestação”, contou Karina Zulli, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).

E as crianças?

Se a deficiência de iodo pode ser um problema, o excesso também. E qualquer pessoa está suscetível a essas complicações – especialmente as crianças.

“Em exagero, o nutriente pode interferir no equilíbrio dos hormônios tireoidianos T3 e T4 e acarretar uma doença chamada hipotireoidismo, em que o paciente apresenta ganho de peso, dificuldade de evacuar, falta de disposição e diminuição no rendimento”, explicou Hamilton Robledo, pediatra do Hospital São Camilo (SP). Em quantidades baixas, por outro lado, pode levar ao bócio, problema caracterizado pelo aumento de volume da tireoide.

Iodo no sal de cozinha

Pesquisas divulgadas pela ANVISA revelam que a população brasileira consome uma quantidade de iodo maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Por isso, a agência adotou novos valores para a adição de iodo no sal de cozinha produzido no Brasil que, atualmente, deve ser de 15mg/kg a 45 mg/kg.

A adição do iodo no sal foi adotada na década de 50 para reduzir a incidência do bócio, doença caracterizada pelo aumento do volume da glândula tireoide, na população. Com o passar dos anos, no entanto, foi comprovado que o excesso do nutriente também poderia causar problemas à saúde, motivo pelo qual sua quantidade tem sido constantemente revista pelos órgãos reguladores.

O grande problema dessa questão é a prática. Afinal, quantos gramas de iodo devem ser consumidos por dia? E como cada um pode contabilizar a quantidade exata que ingere? Diante dessas dúvidas, a recomendação dos especialistas é simples: apostar em uma dieta balanceada e preferir alimentos naturais aos industrializados.


Fonte: revista Crescer

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