domingo

Duas crianças levam choque elétrico em hipermercado de São Paulo

   Divulgação
Foto tirada por Andréa, no dia 30 de março no hipermercado Carrefour, unidade Marginal Pinheiros. O refrigerador que provocou os choques elétricos continuava lá e com os panos para conter o vazamento da água que potencializou o choque



Anny, 6 anos, e Amanda, 7, tiveram atrofia muscular após se debruçarem em refrigerador de unidade do Carrefour
Bruna Menegueço


Era para ser um passeio de preparação para o feriado de Páscoa. Andréa Paula Gayer, 37 anos, estava com as filhas e o marido no supermercado Carrefour, unidade Marginal Pinheiros, em São Paulo, escolhendo bacalhau quando as suas filhas se debruçaram sobre o refrigerador de frutos do mar congelados e levaram choque elétrico. As crianças ficaram internadas por quatro dias no hospital Nove de Julho até serem liberadas na última semana. 

Assim que percebeu a movimentação das filhas, Andréa achou que as mãos das meninas estavam presas no gelo até que viu que estavam vermelhas e tentando gritar, mas a voz delas não saía. Nesse momento, Andréa desgrudou a filha mais velha, enquanto a mais nova continuava presa e já estava desmaiada. Andréa abraçou a filha caçula e começou a perder a força nas pernas até cair no chão, mas antes conseguiu desgrudar parcialmente a menina da geladeira. 

O marido de Andréa, Gerson Robaina, abaixou-se para fazer respiração boca a boca na criança menor, que estava com os olhos arregalados. Nesse momento, também levou uma descarga elétrica e percebeu que a filha ainda estava com o pé preso ao refrigerador. Por sorte, uma das clientes que se encontrava perto da cena era enfermeira e ajudou o padrasto a reanimar Anny com massagem torácica e respiração boca a boca. A caçula ficou mais de um minuto desacordada e com parada respiratória. 
Em entrevista exclusiva à CRESCER, Andréa disse que o SAMU e a Polícia Militar foram acionados. A viatura da PM foi a primeira a chegar ao local e levou Andréa com as filhas e uma funcionária do hipermercado para o pronto-socorro do Hospital São Luiz, na zona sul da capital. 
“As meninas tiveram atrofia muscular e, por isso, não conseguiam andar nem falar.” Após exames, elas foram encaminhadas para UTI. Então, começou uma busca por vagas, já que o hospital estava lotado. “Soubemos de uma possibilidade de levar as crianças para a UTI do Hospital Albert Einstein, onde havia vaga. Como nosso convênio não cobre esse local, o Carrefour teria que arcar com as despesas. Ligamos para eles, mas a resposta demorou tanto que nós já havíamos conseguido liberação no Hospital Nove de Julho”, disse Andréa, que recebeu a visita de uma assistente social do Carrefour todos os dias no hospital. 

A principal indignação de Andréa, no entanto, é a falta de cuidado do hipermercado em relação aos refrigeradores. “Naquele dia, havia panos espalhados pelo chão para conter a água que estava vazando, o que potencializou ainda mais o choque que minhas filhas tomaram”, contou. 

Procurado pela CRESCER, o hipermercado Carrefour disse, em comunicado oficial, que lamenta o ocorrido e que não mediu esforços para prestar toda a assistência e suporte necessários às crianças e seus familiares. “A falha ocorreu em um balcão de refrigeração de propriedade de um fornecedor da rede, o que não exime o Carrefour de suas responsabilidades. Todos os equipamentos similares foram retirados de imediato da área de venda não só da loja em questão, mas de todas as unidades da rede no Brasil. A empresa ainda realizou uma perícia na totalidade dos refrigeradores da loja para assegurar sua conformidade técnica.” Até o dia 30 de março, quando Andréa voltou ao hipermercado, o refrigerador continuava no local com panos, conforme foto ao lado cedida pela mãe. “Meu único pedido é que as câmaras frias sejam retiradas para garantir a segurança dos outros clientes e das crianças que sempre se debruçam para ver os produtos congelados”, disse ela. 

Como evitar choques elétricos?
Seja em estabelecimentos comerciais ou dentro de casa, existem algumas medidas simples que os pais podem tomar para evitar que a criança tenha problemas como o que aconteceu na família de Andréa. Lia Gonsales, coordenadora de mobilização da ONG Criança Segura, dá as dicas: 

- Em estabelecimentos comerciais, cujo bom funcionamento de aparelhos eletrônicos depende do controle e fiscalização das próprias empresas, o melhor é manter os olhos nos filhos. Um supermercado, por exemplo, carrega vários atrativos para as crianças, por isso, é fundamental que elas fiquem perto dos pais o tempo todo e que não mexam em nada. 

- Dentro de casa é importante verificar toda a parte elétrica. Aparelhos domésticos precisam estar com fios encapados. As tomadas devem ser protegidas com protetor ou até mesmo com móveis. Já geladeiras e máquinas de lavar precisam estar longe do local onde as crianças brincam. 

- Aparelhos portáteis, como secador de cabelo, chapinha e ferro de passar, também precisam ficar fora do alcance das crianças. Assim que terminar o uso, os pais devem desligá-los e tirar da tomada imediatamente.

Fonte: revista Crescer

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