domingo

Perguntas surpreendentes para fazer na hora de escolher a primeira escola do seu filho

Cristiane Rogerio, Fernanda Carpegiani e Karla Spotorno




“A escola promove passeios e excursões com as crianças?” 
Marcelo Duarte, jornalista, autor de O Guia dos Curiosos (Ed. Panda Books), colunista da BandNewsFM, pai de Rodrigo, 20 anos, Beatriz, 17, e Antonio, 6 
Passeios e excursões devem ir muito além do intuito de divertir. Também têm a intenção de ampliar o espaço das aulas. Essa é a opinião da educadora Maria Ângela Barbato Carneiro, pedagoga e professora da PUC-SP. “Estudos do meio, visitas a museus, ao zoológico, ao jardim botânico, a centros culturais, espetáculos musicais são muito bem-vindos. Quanto maior o repertório de atividades que a escola oferecer, mais interessante será o ensino proporcionado.” 


“Como a escola trabalha a construção da independência entre as crianças?” Sonia Bridi, jornalista da TV Globo e autora de Laowai - Histórias de uma Repórter Brasileira na China (Ed. Letras Brasileiras), mãe de Mariana, 27 anos, e Pedro, 10 anos Viver coletivamente na escola é uma experiência de descentrar-se e reconhecer a perspectiva do outro. A educação infantil se torna o primeiro espaço de educação coletiva, em que crianças irão conviver e aprender com seus pares e com outros adultos que não seus familiares. “Autonomia e cooperação são princípios educativos que as escolas oportunizam nos momentos de alimentação, por exemplo, quando o aluno tenta comer sozinho, servir seus alimentos e ajudar seus amigos”, diz Simone Santos de Albuquerque, professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFRGS. 

“As crianças são separadas por idade ou convivem com as maiores e menores na mesma sala?” Sonia Bridi, jornalista da TV Globo e autora de Laowai - Histórias de uma Repórter Brasileira na China (Ed. Letras Brasileiras), mãe de Mariana, 27 anos, e Pedro, 10 anos 
Em primeiro lugar, é preciso saber que as escolas possuem autonomia para agrupar as crianças de acordo com sua proposta educativa. “Mas é muito interessante que as crianças convivam com diferentes faixas etárias em propostas coletivas e momentos de encontro na instituição”, afirma Simone Santos de Albuquerque, da UFRGS. Nessas oportunidades, as maiores desafiam as menores, e as menores também “convidam” as maiores para outras descobertas – além de incentivar o cuidado, a paciência e novas perspectivas sob um mesmo espaço e atividades. 

“Durante o processo de aprendizagem, os professores critical e/ou elogiam a criança?” Oscar Motomura, diretor-geral da Amana-Key e especialista em inovação, pai de Mila, 37 anos, Mauren, 34 e Vitor, 32 
Para a especialista em educação Maria Betânia Ferreira, a escola não existe para elogiar nem depreciar. “Faz parte da educação encorajar, incentivar, apontar incoerências e desvios e indicar maneiras de resolver isso. Tudo deve ser resolvido de modo justo, pois o que pode virar rótulo para o indivíduo é descabido na educação.” 

“Qual é o objetivo da escola?” Eva Furnari, escritora e ilustradora, mãe de Claudia, 36 anos, e Paulo, 31 
Embora seja uma questão, digamos, profunda, é possível sair de uma conversa com a escola com isso respondido. Em primeiro lugar, o colégio deve trabalhar com o que a criança já “é”. “Atualmente, os alunos, desde muito pequenos, trazem conhecimentos importantes em suas vivências. O papel do educador é não negar esses saberes e ajudá-los a reorganizar as informações que têm sobre o mundo, adequando-as à construção de aprendizagens. Além disso, também é papel da escola preocupar-se com aspectos voltados ao relacionamento entre as crianças, já que elas fazem parte de uma comunidade”, afirma Itamara Teixeira Barra, pedagoga e coordenadora da educação infantil e ensino fundamental I do Colégio Nossa Senhora do Morumbi (SP). 

“O que os funcionários fazem quando a criança não quer comer ou ainda não sabe usar o banheiro?” Eva Furnari, escritora e ilustradora, mãe de Claudia, 36 anos, e Paulo, 31 
A escola deve propiciar momentos e situações em que os alunos vivenciem tais hábitos de cuidados pessoais. A seu favor está o ambiente em grupo, que para as crianças pequenas traz um grande significado. “Muitas vezes, experimentam alimentos novos ou querem usar o banheiro porque alguns amigos já o fazem”, afirma Itamara Teixeira Barra. Para aproveitar essa convivência, a escola pode organizar momentos na rotina do grupo, como aulas de culinária ou uso do banheiro no coletivo. 

“Os alunos são incentivados a cooperarem uns com os outros?” Christine Castilho Fontelles, diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, mãe de Camile, 23 anos, e de Isabelle, 6 anos 
É simplesmente fundamental que essa dinâmica aconteça. “Não existe aprendizado que não se dê por interação e cooperação. Trocar é uma palavra obrigatória quando o assunto é aprender”, afirma Gisela Wajskop, diretora-geral e acadêmica do Instituto Superior de Educação de São Paulo Singularidades. 

“Como a escola lida com a homossexualidade? Existe espaço e abertura para falar sobre o assunto?” Suppa, ilustradora e mãe de Romain, 22 anos, e Charlotte, 15 
Se a criança vive em uma família preconceituosa, provavelmente vai levar isso para a escola de forma natural. Mas a instituição não pode permitir. “É um trabalho de formiguinha. E não é só a homossexualidade, tem outras questões de preconceito, como o racismo”, diz Quézia Bombonatto. O uso da literatura e outras formas de artes, além de promover situações de convívio e abrir espaço para conversas, são alternativas importantes. 

“A escola desenvolve o gosto para as artes, em todas as suas expressões, apresentando-as como uma profissão e não só passatempo?” Suppa, ilustradora e mãe de Romain, 22 anos, e Charlotte, 15 
Principalmente nos primeiros anos da criança, a imersão dela em todas as formas de expressão é fundamental. Para Célia Guimarães, professora do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, isso é forte porque, nessa idade, as crianças se aproximam da realidade, dos fenômenos naturais e sociais e dos significados atribuídos a eles lançando mão de símbolos e imagens. “Por essa razão, ela precisa ter oportunidades de experimentar diferentes possibilidades com uma variedade de materiais para se expressar.” E, sim, faz parte da formação mostrar às crianças que a arte também é um meio de se sustentar. A escola pode ajudar na identificação de um talento especial promovendo encontros musicais, exposições e outras atividades do tipo. 

“Há mistura de classes sociais nas salas de aula?” Suppa, ilustradora e mãe de Romain, 22 anos, e Charlotte, 15 
O segmento social que uma escola particular atinge por si só já é selecionador. Por isso, se os pais fizerem questão desse tipo de diversidade na sala de aula, vale a pena perguntar sobre bolsas de estudo. “Mas tenha em mente que a existência delas não significa que exista convivência com o diferente. Há casos de sistemas particulares que mantêm escola para crianças menos favorecidas economicamente em outro espaço, em outro bairro...”, diz a educadora Celia Guimarães. 

Fonte: Revista Crescer

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