segunda-feira

Os antidepressivos são seguros na gravidez?

Mais um estudo reforça que a depressão não tratada durante a gestação pode oferecer mais risco ao bebê do que a medicação. Confira


Ana Paula Pontes e Bruna Menegueço



O teste de gravidez deu positivo. O bebê com que você tanto sonhou está a caminho. Seu marido ficou maravilhado e está dando apoio. Enfim, tudo está correndo bem. Mas, então, por que, de repente bateu aquela tristeza sem explicação? Por que é tão difícil comer, dormir, ver graça nas atividades que antes davam prazer? Se você se reconhece nesse dilema, pode estar com depressão. 

A doença atinge de 10% a 20% das mulheres grávidas, e algumas precisam mesmo tomar medicação como forma de tratamento. Mas, antes de se sentir culpada e ficar com medo de prejudicar o bebê, saiba que você não é a única e que os riscos não são como imagina. 

Um estudo publicado na revista científica Archives of General Psychiatry mostrou que os riscos para o bebê são menores quando a gestante usa medicamentos para tratar a depressão do que quando a futura mãe não trata o problema. 

Segundo a pesquisa, as mulheres que tomaram antidepressivos durante a gravidez tinham o dobro de chances de ter um parto prematuro do que aquelas gestantes com depressão que não tomaram remédio. Em contrapartida, as grávidas depressivas sem tratamento eram mais propensas a ter bebês menores e com tamanho da cabeça fetal reduzido, o que pode causar problemas de desenvolvimento mental. 

O estudo foi feito na Holanda e envolveu cerca de 8 mil mulheres grávidas, que foram questionadas sobre seus sintomas de depressão e uso de antidepressivos, uma vez a cada trimestre. O desenvolvimento do pré-natal foi estudado por meio de ultrassons. Como a própria depressão pode afetar o desenvolvimento do bebê, já que a mãe pode deixar de cuidar de sua saúde e até de comer e enviar nutrientes importantes para o filho na barriga, os especialistas acreditam que o uso de medicamentos oferece danos menores à criança. 

Para Abner Lobão, obstetra da Unifesp (SP), parece ser mais vantajoso tratar gestantes com quadro de depressão com medicamentos do que não tratá-las. Mas ele ressalta. “Dados adicionais e estudos de longo prazo são necessários para confirmar as hipóteses levantadas”, alerta o médico. 

Outro estudo, publicado na revista científica Obstetrics & Gynecology, revelou que os antidepressivos fluoxetina e paroxetina estão associados com baixo risco de problemas no bebê. 

Os dados para o estudo foram obtidos a partir de um projeto finlandês chamado Drugs and Pregnancy (Drogas e Gravidez, em livre tradução) com 635.583 mães e seus filhos, entre 1996 e 2006. Dessas, entre 3 e 6% das mulheres usavam algum tipo de antidepressivo durante a gestação. O resultado da análise mostrou que a fluoxetina e paroxetina, apesar de trazerem riscos, são considerados baixos. Para o primeiro medicamento, por exemplo, a incidência de problemas pode ficar entre 105 em 10.000 bebês nascidos. Para o segundo, 31 em 10.000 bebês. 

Segundo Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), apesar de o risco relativo de o bebê ter problemas aumentar com o remédio, é muito pior a gestante deprimida não se tratar. Mas antes de tomar qualquer medicamento, converse com o seu obstetra. “Há antidepressivos mais seguros que outros. O recado é também para as mulheres que já fazem uso desse tipo de remédio e estão querendo engravidar”, diz. 

Vale reforçar que as mulheres que já sofrem de depressão na gravidez têm mais chance de ter os sintomas no pós-parto. Por isso, o quadro nunca deve ser ignorado. Se não for tratada, o cansaço de cuidar do bebê, a insegurança, a mudança da dinâmica familiar, tudo contribui para que os sintomas piorem com o nascimento do filho. 

O uso de remédios para tratar o problema, no entanto, não é necessário em todos os quadros de depressão. Nos casos mais leves, a psicoterapia ajuda bastante. Nessas situações, o melhor são tratamentos alternativos, como relaxamento e produtos fitoterápicos, desde que com acompanhamento médico.

Fonte: Revista Crescer

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