sábado

Arte para bebês

Romero Britto, um dos maiores expoentes da pop arte, lança seu primeiro livro para crianças no Brasil


Nádia Mariano


Um mundo repleto de cores, formas, texturas e sentimentos. Esse é o cenário do livro-brinquedo, Onde Está o Urso da Amizade?, de Romero Britto. Em sua primeira obra infantil, lançada no Brasil, ele já lançou o livro My Alphabet Playbook nos Estados Unidos, o artista plástico pernambucano convida às crianças a viajar a partir de seus traços multicoloridos. Em entrevista a Crescer, Britto, que é pai de Brendan, com 22 anos, fala da importância de aproximar as crianças da arte. Confira:




CRESCER - Foi você quem o concebeu o projeto do livro “Onde Está o Urso da Amizade”? De onde surgiu a ideia? 
ROMERO BRITTO - Sim. Fui eu quem idealizei e acompanhei todas as etapas da produção. E a ideia de fazê-lo surgiu quando o meu filho ainda era pequeno, queria muito fazer um livro para ele, mas naquele momento minha arte não era madura o suficiente. 


CRESCER - Como surgiram os ursos que ilustram o livro? 
R.B. - Sempre gostei muito de ursos, desde criança, mas a primeira grande obra com essa figura foi feita a pedido da irmã do ex-presidente dos EUA, a Eunice Kennedy Shriver. Ela queria homenagear o filho e ao mesmo tempo presentear a cidade de Berlim e encomendou uma escultura de um urso que tem praticamente a altura de um poste. Isso foi há três anos, mas o urso só foi intalado há dois meses. A partir dela surgiram os personagens e a ideia do livro. 


CRESCER - Você acredita que esse livro aproxima as crianças do mundo das artes? 
R.B. - Com certeza. Porque elas vão crescendo com aquilo, criando uma conexão, começam a falar sobre arte desde cedo e certamente terão boas lembranças dessa fase. Além disso, o livro estimula o toque, explora as cores, isso traz alegria para o dia-a-dia das crianças, acho isso muito importante. Quanto mais feliz, mais aberto à criatividade, a arte traz isso, alegria e criatividade, isso traz liberdade de espírito e ajuda no desenvolvimento da criança. 


CRESCER - Como se sentiu ao ver seu trabalho em uma estante de livros infantis? 
R.B. - A sensação de que minha arte está sendo apreciada por seres humanos tão puros é maravilhosa. É realmente uma grande honra saber que os pais levarão minha arte até esses anjinhos, isso me deixa realmente muito feliz. Não vejo a hora de dividir minha arte com mais e mais pessoas. 


CRESCER - Quando você era pequeno, teve esse tipo de contato com as artes? 
R.B. - Comecei a pintar aos 8 anos, pintava como todas as crianças, não como hoje, mas foi quando comecei a gostar de arte. O primeiro artista que me fascinou foi o Francisco Brennand, eu gostava de ver os murais dele espalhados pela cidade inteira, depois comecei a conhecer outros artistas pelos livros, meu irmão vendia livros, e em um deles conheci o Michelangelo e a Capela Sistina, a partir daí nunca deixei de brucar inspiração para essa minha jornada. 


CRESCER - Como o menino pernambucano se tornou um expoente da pop art?
R.B. - Nasci em uma família grande, tenho 8 irmãos, mas de alguma forma sempre viveu em mim aquela esperança de que as coisas podiam melhorar. A arte foi uma grande ponte para mim, por isso acho importante que mais e mais pessoas tenham acesso a ela, porque ela dá oportunidades de criar e sonhar. Mas infelizmente ela ainda é um pouco restrita a pessoas com melhores condições financeiras. É como se só essas pessoas que têm dinheiro pudessem ir ao balé, ao museu, visitar uma galeria. Por isso, acho importante tornar a arte acessível.


Fonte: revista Crescer

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