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Gestação gemelar, por Jean Carl Silva*

Com o acesso da população aos métodos de reprodução assistida, têm aumentado os casos de gestações gemelares, trigemelares, quadrigemelares e até de mais fetos. Hoje, 1% das gestações é gemelar, com um ou mais fetos, e, muitas vezes, as pacientes torcem para engravidar de gêmeos.

Mas a grande maioria não sabe dos riscos de uma gravidez gemelar – que exige acompanhamento e cuidados redobrados.Se bem acompanhadas e cuidadas, as gestações de mais de um feto evoluem bem. Mas é importante saber que elas envolvem riscos maiores, pois são associadas, por exemplo, a abortamentos. Em torno de 70% delas, antes do terceiro mês, têm perda de pelo menos um dos fetos. Muitas vezes, a gestante nem fica sabendo que tinha dois filhos a caminho.

A prematuridade e seus riscos também podem ocorrer. Cada gêmeo reduz em média quatro semanas a duração da gestação. Assim, uma gestação trigemelar nasce com cerca de 32 semanas – e um bebê de 32 semanas tem risco aumentado de adaptação respiratória e de hemorragia cerebral, o que pode resultar em déficit intelectual ou até na morte.Os casos de diabetes também aumentam.

Além dos cuidados necessários como controle de dieta e atividade física, o uso de insulina, com quatro injeções diárias pode ser necessário.A pré-eclampsia, a pressão alta da gestação, ocorre em aproximadamente 5% das gestações e tem riscos dobrados no caso de gêmeos.

A eclampsia, a complicação final, que pode levar à morte cerca de 20% das mulheres, também ocorre. Já os gêmeos idênticos, os univitelinos, são menos comuns, mas se relacionam mais com complicações.

A divisão de um ovo em dois, que ocorre nesses casos, pode originar malformações em cerca de 3% dessas gestações.A transfusão feto-fetal, quando um feto “rouba” do outro o alimento, resultando em um feto pequeno e outro grande, pode resultar na morte de ambos. No caso de sobrevivência de um deles, este geralmente é comprometido neurologicamente. Por tudo isso, esses casos exigem mais atenção. Consultas com maior frequência, tratamento precoce das patologias que podem se associar, prevenção da prematuridade e preparo dos bebês para o nascimento prematuro ajudam a conceber gêmeos saudáveis.

*Ginecologista e obstetra, coordenador do Serviço de Gestação de Alto Risco do Hospital Dona Helena

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