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Agrotóxicos causam TDAH?

A relação entre os agrotóxicos e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, tema de estudo norte-americano, levanta polêmica.

Frutas, legumes e vegetais cultivados com o uso de agrotóxicos podem causar Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)? Uma pesquisa realizada pelas universidades de Montreal, no Canadá, e de Harvard, nos EUA, levantou essa polêmica. Os pesquisadores relacionaram os agrotóxicos aos sintomas do TDAH. Mas, segundo especialistas ouvidos por CRESCER, os pesticidas não são responsáveis pelo aparecimento do distúrbio.

A causa mais comum – não única – é a genética. “A afirmação de que os agrotóxicos podem causar o distúrbio é equivocada”, diz Maria Conceição do Rosário, psiquiatra responsável pelo ambulatório de TDAH da Unifesp. Na tentativa de estabelecer uma ligação entre os agrotóxicos e o TDAH, os cientistas reuniram 1.100 crianças americanas com idades entre 8 e 15 anos. Após participarem de uma analise prévia, 119 crianças foram diagnosticadas com o transtorno. Essas foram submetidas a exames que determinaram a quantia de agrotóxicos presentes em seu organismo. De acordo com os estudiosos, aquelas com um alto nível de pesticida tiveram maior incidência dos sintomas do TDAH. Mas esses resultados são discutíveis. “Todas as pessoas que têm uma dieta rica em frutas, legumes e vegetais podem ter altos níveis de agrotóxico no sangue. Isso não prova, nem estabelece relação causal com o TDAH”, diz Maria.

Não há motivo para alarde: deixar de comer alimentos in natura não é solução, pelo contrário. Frutas, legumes e vegetais são essenciais para manter uma dieta saudável. “Esses alimentos são extremamente nutritivos e exercem um importante papel no desenvolvimento das crianças”, diz Celso Cukier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein (SP). No Brasil, o uso dos pesticidas é controlado por lei. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém um Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para).

Os especialistas da Anvisa avaliam os níveis residuais nos alimentos para garantir a segurança dos produtos que chegam às mesas dos brasileiros. Esse processo é realizado com uma parcela demonstrativa da nossa produção agrícola. “Não existe uma quantidade segura para a ingestão de agrotóxico, mas com alguns cuidados simples dá garantir a segurança dos alimentos”, diz Cukier.

Confira algumas dicas para evitar a ingestão de agrotóxicos:
- Lave as frutas com água corrente e uma esponja exclusiva para isso;
- As folhas devem ser lavadas e permanecer submersas em água e vinagre por cerca de 20 minutos;
- Os tubérculos como cenoura, batata e beterraba devem ser descascados antes do preparo. Eles ficam em contato direto com a terra e podem absorver mais agrotóxico;
- Dê preferência a alimentos orgânicos que são cultivados sem auxilio de agrotóxicos.

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